O presidente legalizacionista Pepe Mujica parece estar quebrando fronteiras. De capas de revistas a manchetes de jornal, seu rosto rechonchudo está na mídia quase todos os dias, sempre acompanhado de boa notícias. Por essas e outras, a ONG holandesa Drugs Peace Institute quer indicar o presidente mais pobre do mundo ao Prêmio Nobel da Paz.
Segundo Frans Bronkhorst, presidente da ONG, a indicação é merecida devido ao plano de Mujica de outorgar ao Estado o controle da produção, distribuição e comercialização da canábis no país como medida para combater o tráfico de drogas. “Mujica é o primeiro presidente que propôs acabar com essa guerra que não serve a ninguém, só aos interesses obscuros”, explicou Bronkhorst.
A ONUDC, singla da ONG em inglês, faz parte de lista da ONU como uma entidade que trabalha “pelo aumento da conscientização dos usuários de drogas sobre a qualidade dos produtos que consomem” e pela sua “integração” na sociedade.
Sebastián Sabini, deputado da Frente Ampla, disse que se a candidatura for confirmada, não deveria levar em conta apenas o plano antidrogas. Na opinião dele, Mujica “fez muitas coisas boas ao longo de sua vida e deu amostras de grandeza em muitos sentidos”.
Um pouco mais sobre Pepe
Nos anos 60, Mujica integrou o Movimento de Libertação Nacional-Tupamaros (MLN-T), participando de operações de guerrilha. Procurado pela polícia, se refugiou na clandestinidade. Foi ferido a bala seis vezes em enfrentamentos armados e passou um total de 15 anos na prisão. Sua última detenção durou 13 anos, entre 1972 e 1985, e foi particularmente dificil. Em isolamento completo por 11 anos, foi um dos dirigentes tupamaros que a ditadura tomou como “refém”, o que significava que seria executado caso sua organização retomasse as ações armadas.
Foi libertado com o retorno da democracia em 1985, beneficiado por um decreto de anístia de delitos políticos, comuns e militares cometidos a partir de 1962. Após alguns anos, junto a alguns membros da MLN e outros partidos de esquerda, criou o Movimento de Participação Popular (MPP), dentro da Frente Ampla. Foi eleito deputado por Montevidéo em 1994 e senador em 1999. Em 2005, foi designado ministro da Agropecuária e Pesca. Abandonou o cargo em 2008, já evidenciando suas intenções de se candidatar à presidência.
Com quase metade dos votos válidos, foi eleito presidente em 2009. Teve mais de um milhão de votos, número considerável tratando-se de um país de pouco mais de três milhões e meio de habitantes. Tomou posse em 2010 e desde então vem atraindo holofotes com seu programa de legalização e estatização da canábis, parte de um programa nacional de 15 medidas que visa diminuir a criminalidade no país.
Antes de se tornar o centro das atenções por esse projeto, ficou conhecido como o presidente mais pobre do mundo. Mujica doa 90% do seu salário de US$12.500 para ONGs e pessoas carentes afirmando que “este dinheiro me basta, e tem que bastar, porque há outros uruguaios que vivem com bem menos”. Além disso, Pepe dirige um Fusca azul meio capenga e mora com a também ex-militante e senadora Lucía Topolansky, sua companheira há quase 40 anos, na mesma chácara onde sempre morou e que o fez ser conhecido pelo apelido de “El Chacarero”.
Leia mais sobre Pepe e o Uruguai:
Uruguai leva seu projeto de legalização a nível internacional
Pepe Mujica reitera suas intenções de legalizar a canábis
30 hectares para o cultivo de Cannabis no Uruguai
Você acha que Mujica merece ser Nobel da Paz? Comente no fórum do Growroom.