Um grupo de consumidores de maconha uruguaios propõe-se a criar o primeiro clube social de cultivo não-clandestino de seu país. “A produção penalizada é a destinada ao tráfico, não a que permite obter quantidades razoáveis para consumo”, declarou Juan Vaz, da Associação de Estudos da Canábis do Uruguai (AECU).
Cinquenta pessoas é o mínimo desejável para formar um clube social de canábis que permita o desenvolvimento de um cultivo para abastecer cada um dos seus membros. Cem metros quadrados em um galpão ou em um pequeno jardim já são suficientes para o plantio. Outra coisa importante é estabelecer um dispositivo de segurança.
Depois precisa-se de um bom advogado para defender a posição do clube: o consumo não é penalizado, a produção destinada ao narcotráfico, sim, embora não aquela que assegure que o consumidor tenha quantidades razoáveis de maconha. Se um juiz processa alguém por autocultivo, “a única saída que ele deixa para o consumo, que não é penalizado, é recorrer ao traficante”, afirma Juab Vaz, da Associação de Estudos da Canábis do Uruguai (AECU). Portanto, o juiz seria “cúmplice” dos traficantes de drogas.
Baseada nisso, a AECU anunciará neste sábado, no Velódromo Municipal, a criação do primeiro clube social público de canábis do Uruguai. Há pelo menos outros três clandestinos, revelou Vaz.
O clube que a AECU quer formar será de conhecimento das autoridades, que saberão onde se realiza o cultivo, e lhes será pedido que controlem e auditem a produção, de acordo com Vaz. Seria ilegal? “Isso ainda vamos ver”, disse Vaz e desenvolveu os argumentos em defesa do plantio para consumo próprio. “Somos todos consumidores adultos e responsáveis”, declarou.
A apresentação será durante um festival chamado “Cultivando a liberdade o Uruguai cresce… e se casa”, organizado por grupos a favor da legalização da maconha e do casamento igualitário. A partir das 16:20h, em uma tenda localizada no campus do Velódromo, a AECU vai anunciar a estrutura que pretende dar ao clube e cadastrar os candidatos a sócio.
Às vésperas da aprovação de um projeto autorizando o autocultivo de maconha, Vaz disse que o projeto da AECU “funciona como preparação” para essa legalização.
Sem votos suficientes para aprovar a produção e venda estatal de maconha, a Frente Ampla tem no Parlamento a possibilidade de aprovar uma lei de autocultivo, que inclusive recebe o apoio de parlamentares da oposição.