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ToggleParece que agora vai. O governo do Uruguai estuda a possibilidade de abrir o comércio de cannabis para turistas. De acordo com reportagem publicada pelo “El País”, a Junta Nacional de Drogas (JND) e o Ministério do Turismo pensam em liberar, num futuro próximo, a venda de maconha para estrangeiros por meio do mercado regulado. Mas a proposta já está dando o que falar: afinal, o comércio continuaria somente nas mãos das farmácias (e do mercado ilegal)?
A decisão, ainda sem data marcada, viria por conta de uma conclusão bastante óbvia: com a venda permitida apenas para nascidos e residentes no Uruguai, os turistas acabam precisando recorrer ao mercado ilegal. No entanto, ainda há resistência ao turismo cannábico. Tanto que o Canadá, mesmo tendo legalizado em segundo lugar, depois do Uruguai, foi pioneiro em liberar a venda ao turistas.
A ex-ministra do Turismo, Liliam Kechichián, já havia dito ao “El País” que o “Uruguai não vai ter turismo cannábico nunca”. Mas o secretário geral da JND, Daniel Radio, afirma não temer as mesmas críticas direcionadas a ela, de que o país pode tornar-se a “Amsterdã do Sul”. “Me parece que pode ser muito bom para o Uruguai que tenhamos um incentivo adicional para o turismo”, disse ao jornal.
Ministro mira o inimigo errado
Porém, por mais que haja apoio pela proposta da JND e do Ministério do Turismo, o debate esbarra em outros atores, como por exemplo o Ministério do Interior, por conta do impacto na segurança pública. Neste sentido, o Ministro do Interior, Jorge Larrañaga, disse estar preocupado com possíveis fugas de produção dos clubes cannábicos. Segundo o ministro, a polícia brasileira detectou maconha uruguaia no mercado ilícito do país.
“O que encontramos é que há apenas quatro ou cinco fiscalizadores para todo o país, e isso é totalmente insuficiente. Queremos ter acesso à informação dos 156 clubes cannábicos para cruzes os dados e poder intervir”, disse Larrañaga. O ministro foi criticado pelo ex-secretário de Drogas, Diego Oliveira. Não parece que o ministro está se ocupando com os problemas reais, porque os clubes não são o inimigo”.
Venda continuará apenas nas farmácias?
A principal questão que fica no horizonte é: quem venderia a maconha no mercado legal? Atualmente, no país, a erva só pode ser comprada em farmácias autorizadas pelo governo, que não têm dado conta da demanda. Em agosto deste ano, Radio disse que era preciso liberar o registro para cultivadores domésticos e ampliar os locais de acesso à cannabis legal no Uruguai, incluindo lojas e dispensários. No entanto, a proposta não passou.
Ao “El País”, o secretário reforça a preocupação com o suprimento da demanda. “Para começar, só existem 14 farmácias habilitadas para a venda de cannabis. Há um número maior, umas vinte, que está em lista de espera. Ainda que estivessem todas as farmácias, a produção máxima permitida das empresas que têm cultivo não conseguiria satisfazer mais de 42 mil pessoas”, disse, reforçando a ainda mais importância dos clubes. “Das três novas licenças que foram entregues, só uma está bem adiantada. Mas a maconha tampouco é de boa qualidade”.