Grower não vota em fascista
Podem ter certeza de que nós preferíamos estar falando sobre flores, colheitas, sementes, e técnicas de cultivo. Mas diante da real ameaça à democracia brasileira, e possível retrocesso nas políticas de drogas e repressão ainda maior aos consumidores e cultivadores, um espaço como o Growroom, que luta há décadas contra tudo isso não poderia ficar calado ou em cima do muro em um momento como esse, em que um candidato fascista pode chegar à presidência do nosso país, pois como diria Dante Alighieri, “no inferno os lugares mais quentes são reservados àqueles que escolheram a neutralidade em tempo de crise”.
Portanto, mais do que afirmar nosso posicionamento, o Growroom visa orientar e convocar todos os cultivadores, consumidores, e membros deste espaço que lutam pela liberdade, do indivíduo e da planta, a derrotarem o fascismo junto conosco neste 2º turno, por mais que tenhamos discordâncias de diversas ações do PT ao longo de todos esses anos.
#EleNão porque…
O movimento #EleNão ficou conhecido mundialmente e ganhou força graças às mulheres, mas também pelo apoio maciço de outras minorias que já foram ofendidas em declarações do candidato Jair Bolsonaro como negros, LGBTs, indígenas, vítimas da ditadura e quilombolas. Nós listamos aqui as declarações que mostram porque #elenão.
- Porque é homofóbico
“Seria incapaz de amar um filho homossexual. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”
Em entrevista sobre homossexualidade à revista Playboy, em dezembro de 2011
“O filho começa a ficar assim, meio gayzinho, leva um couro e muda o comportamento dele.”
Em um debate na TV Câmara, em 2010
- Porque é machista
“Não te estupro porque você não merece.”
Para a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), em dezembro de 2014
“Mulher deve ganhar salário menor porque engravida. Quando ela voltar [da licença-maternidade], vai ter mais um mês de férias, ou seja, trabalhou cinco meses em um ano.”
Em entrevista ao jornal Zero Hora, em fevereiro de 2015
- Porque é racista
“Eu não corro esse risco, meus filhos foram muito bem educados.”
Em resposta a Preta Gil, sobre o que faria se seus filhos se relacionassem com uma mulher negra ou com homossexuais, no programa CQC, da Band
“Fui num quilombo. O afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas. Nem pra procriador ele serve mais.”
Em palestra no Clube da Hebraica, no Rio, em abril de 2017
- Porque ele incentiva a violência e reverencia a ditadura
“Sou capitão do Exército, minha missão é matar.”
Em palestra em Porto Alegre, em junho de 2017
“O erro da ditadura foi torturar e não matar.”
Em participação no programa Pânico, da rádio Jovem Pan, em julho de 2016
Bolsonaro e a maconha
Se você ainda não está convencido, acha que as frases estão fora do contexto, que foram ditas em outra época, ou que são apenas palavras, que na prática ele não faria nada disso, nós separamos algumas declarações dele sobre a maconha, e sobre consumidores de cannabis. Afinal, estamos num espaço de debate justamente sobre a planta, e Bolsonaro é um militar da reserva, defensor da ditadura, e de maior repressão policial para solucionar o problema da criminalidade.
Ao que tudo indica, um governo seu aumentaria a violência e as penas contra usuários e growers, além de uma guerra às drogas cada vez mais armada e fortalecida, embora todos saibamos que ela esteja falida. Por mais que bata continência para a bandeira dos Estados Unidos, neste tema Bolsonaro está bem longe das novas leis americanas.
“Alunos em abstinência vai aumentar vontade de agredir o professor”
https://www.youtube.com/watch?v=7lMI6I7QybU
“Na ditadura militar droga não corria frouxa igual na democracia”
Crítica ao STF por liberar a Marcha da Maconha “Um golpe na família e nos bons costumes”
https://www.youtube.com/watch?v=NOopWhrgszc
Chega de prisões
Desde que o Growroom foi criado, lá em 2002, quem participa do fórum pôde acompanhar a repressão e prisão de diversos cultivadores que cultivavam justamente para não comprar do tráfico e não fomentá-lo. Ao mesmo tempo, lutamos juntos oferecendo muitas vezes advogados ou auxílio para quem necessitava e conseguimos comemorar vitórias importantes e o fim de prisões sem sentido algum de quem nada mais é do que jardineiro.
Nós queremos o fim da guerra às drogas e do encarceramento dos cultivadores brasileiros, mas para isso precisamos de espaço para militar em prol desse ativismo, algo que o candidato também já disse vai ter fim. Portanto, antes de tudo, nosso dever é zelar e defender nossa tão breve democracia para posteriormente seguirmos avançando, juntos, como sempre fizemos ao longo da história dessa casinha.
A economia canábica e do Brasil
Estamos vivendo um momento de expansão do mercado canábico legal no Brasil, com cada vez mais headshops, growshops, portais de notícias e marcas surgindo no país. Já são realizados festivais, workshops, e toda uma economia significativa que sustenta famílias, emprega, e forma empreendedores de sucesso já existe e poderia se tornar ainda mais lucrativa gerando ainda mais postos de trabalho se a planta fosse regulamentada para consumo e cultivo.
O aumento da repressão com um possível governo de Jair Bolsonaro vai afetar não só o consumo nesse mercado como pode gerar problemas para os próprios empreendedores que devem enfrentar dificuldades e legislações mais duras ainda, algo que até já acontece mesmo que não vendam nada ilegal.
Além disso, a economia do país tende a ficar instável por conta do aumento da violência, da falta de governabilidade, e das políticas econômicas de um candidato que não entende nada de economia e diz isso com naturalidade mesmo estando há mais de 20 anos votando o orçamento do país no Congresso. O Brasil precisa seguir o exemplo dos países desenvolvidos, regulamentar o mercado, liberar o cultivo, e tirar a maconha das mãos do tráfico.