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  1. Usuário de droga não é criminoso, diz autor de anteprojeto RIO - À frente da Comissão Brasileira sobre Drogas e Democracia (CBDD), que na quarta-feira entregou um anteprojeto de lei ao presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), propondo a descriminalização dos usuários de drogas no país, está o médico Paulo Gadelha. Graduado em medicina pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro, tem mestrado em Medicina Social e doutorado em Saúde Pública, Gadelha ocupa a presidência da Fundação Oswaldo Cruz desde 2009. É lá que ele costuma se reunir para discutir questões a respeito da legislação brasileira sobre drogas e garantir uma diferenciação mais clara entre usuários e traficantes. O anteprojeto entregue em Brasília já conta com mais de 100 mil assinaturas de apoio. Mas a expectativa de Gadelha é que este número chegue a mais de um milhão em três meses. Qual o teor do anteprojeto entregue ao presidente da Câmara? PAULO GADELHA: É centrado na visão de que o usuário não pode ser considerado criminoso. Desde 2006 a lei garante que o usuário não seja preso, mas é preciso diferenciar o que é um traficante do que é um usuário. Apesar da lei dizer que o usuário não pode ser preso, ela não diz se uma pessoa que está portando 1 ou 100 gramas seja usuário ou traficante. Fica a cargo da autoridade policial decidir, criando insegurança para todos os agentes envolvidos e uma enorme vulnerabilidade para os usuários. O que mudou depois da lei que entrou em vigor em 2006? PAULO GADELHA: Dobrou o número de prisões de supostos traficantes por porte de drogas e aumentou a população prisional. Isso porque há em nossa sociedade traços de discriminação e preconceito social e racial. No caso de um dependente, o que ele está precisando é de ajuda e tratamento de saúde, e não ser penalizado com detenção. Ele acaba preso e sem tratamento. Como a sociedade deveria lidar com isso? PAULO GADELHA: O álcool, por exemplo, que é considerado uma droga lícita, também causa um sofrimento enorme e é responsável por 70% das internações por dependência de drogas e por 90% da mortalidade. Precisamos educar a população. Nossa proposta no que se refere às drogas ilícitas é para que haja um debate com a sociedade para que ela saiba lidar com o problema. Atualmente a guerra contra as drogas tem como principal bandeira a repressão ao tráfico e ao usuário. Gastam uma fortuna e fracassam. O consumo aumenta, aumenta a violência. Quem usa a droga é criminoso? PAULO GADELHA: Nossa proposta vai justamente contra esta máxima. Antes de mais nada é preciso encarar o problema das drogas como problema de saúde pública. Se a legislação continuar como está, o usuário ou dependente dificilmente vai procurar um serviço de saúde para se tratar. O que estas pessoas precisam é de tratamento e elas não querem e nem podem ser confundidas ou rotuladas como criminosas. O senhor procurou exemplos bem-sucedidos de outros países? PAULO GADELHA: Sem dúvida. Hoje há uma consciência internacional de que é preciso mudar. Estudos mostram que nos 21 países que resolveram despenalizar o usuário, como Portugal, por exemplo, houve vários avanços importantes. Não houve aumento do consumo, a população prisional reduziu, os recursos para o aparato policial foram transferidos para outras áreas e os índices de saúde relacionados às drogas melhoraram sensivelmente. E qual a importância da sociedade nesse debate? PAULO GADELHA: O mais importante do processo é o debate público. Uma mudança desta natureza só acontece se toda a sociedade participar. A questão da AIDS, por exemplo, só foi possível porque houve um programa de enfrentamento e iniciativas de discutir tudo o que envolvia a doença: religião, diversidade sexual, uso de camisinha, liberdade sexual. A sociedade inteira foi mobilizada para permitir ações eficazes. Queremos algo semelhante. Se a questão das drogas continuar a ser abordada e carregada de muito preconceito não haverá regressão nem de consumo, nem de tráfico, nem de violência e, sim, haverá aumento de sofrimento. Quais serão os próximos passos da comissão? PAULO GADELHA: Vamos começar um debate junto ao pessoal da educação e tentar angariar apoio de formadores de opinião. Nesse ponto, a mídia será fundamental. Nossa proposta em nenhum momento propõe o incentivo ao uso e muito menos à legalização. Nossa proposta é para despenalizar criminalmente o usuário. http://oglobo.globo....3#ixzz24TLdxKS7
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  2. Falae Rapaziada! Não podia deixar de passar aki e deixar minhas impressões do debate... Não preciso rasgar seda, mas a cada dia admiro mais a ousadia do Mandaca.... Se preparou muito bem e deu uma aula pra galera... Ontem ele me proporcionou uma cena que fez valer não só a ida ao debate, mas tb me fez acreditar ainda mais no movimento... Um dos integrantes da mesa era um policial federal, ex-chefe da equipe tática de operações especiais, tipo um capitão nascimento da PF... O cara coordena um projeto com crianças chamado "Geração Careta", cuja filosofia é a disciplina através de treinamentos rigorosos de artes marciais... Pesquisei à respeito na internet e vi que realmente é um projeto muito bacana... O cara faz um trabalho campeão, porém aparentou ser extremista em sua filosofia, segundo ele sempre se manteve na linha, pois faz exatamente a mesma coisa há 32 anos, não muda em nada sua rotina e segue à risca sua filosofia rígida de disciplina... Imagine o que ele devia pensar à respeito da cannabis!? Quando ele sentou à mesa, a caretice estava evidente... No momento em que o representante da Leap discursou, deu pra ver a cara de rejeição do PF... mas o fato que a apresentação do representante da Leap deixou um pouco à desejar... Foi aí então que o Mandaca deu uma aula para todos ali presentes, explanou sobre diversos temas e sua abordagem foi perfeita, que nós cultivadores estamos para somar, que somos um dos pilares para o fim da violência gerada pelo combate às drogas, além de apresentar a importância que a cannabis medicinal tem para a sociedade e que não queremos a liberação para excessos, apenas queremos a regulamentação até para facilitar o controle... Foi muito técnico e não deixou margem para dúvidas, não houve sequer um argumento que pudesse ser enfraquecido pelos contrários... Ao final de sua apresentação, o próprio intermediador do debate fez questão de demonstrar seu agradecimento por ter sido esclarecido como nunca antes havia sido... Em seguida foi a vez do PF se apresentar, sinceramente já esperava algumas palavras de reprovação, mas as primeiras palavras dele foram em agradecimento ao Mandaca por tê-lo esclarecido daquela forma, segundo ele, todos os argumentos apresentados à ele até então eram folclóricos e que pela primeira vez estava ouvindo argumentos contundentes que o fizeram concordar... Aquilo ali fez valer a noite! Se o PF se rendeu aos argumentos reais sobre a regulamentação da maconha, qlq um poderá se render... Basta que os argumentos sejam apresentados da forma correta... basta que saibamos nos expressar... O que mais me chamou a atenção, foi que ele lembrava demais meu irmão, q foi um grande atleta durante muito tempo, diversas vezes campeão de judô... treinava com a seleção brasileira e etc... Tudo para ele tb era disciplina e treinamento! Acordar cedo, dormir cedo e treinar, essa era sua rotina e nada mudava isso... sempre foi caretaço, nunca botou um cigarro na boca, maconha era fundo do poço! Até o dia que descobriu que eu cultivava maconha... No primeiro momento ficou putaço, ele sempre foi meu amigo, mas sempre dixavei dele que fumava maconha... A partir daquele dia me determinei em jamais falhar com ele, precisava mostrá-lo que apesar de fumar maconha, continuava sendo seu melhor amigo e que jamais o desapontaria... Hoje tenho certeza que seus conceitos com relação à maconha mudaram, a confirmação veio ano passado qd ele me escolheu para ser padrinho de sua filha... Isso pra mim foi uma grande vitória e foi o que me incentivou a meter as caras no ativismo! Ontem o Mandaca me fez sentir essa sensação novamente, ver o Capitão Careta se rendendo aos nossos fundamentos foi impagável! Valeu rapaziada que esteve presente ontem! Valeu rapaziada do GR! Vamo q vamo q nossa hora vai chegar! Abração
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  3. Obrigado pelo apoio de sempre amigos! maior satisfação contar com as presenças pra dar aquele apoio! 021, Dr Xurupitas (o verdadeiro multi-homem!), Forester , Bruxo(CCPortugal),Mirabeck,Los cultivadores,Hemp Bear, Bekááááááá, da Lata... OBRIGADO PELA ENERGIA! tamo aê...na busca!
    4 points
  4. Olha, não vou dizer que foi um bom evento. Temática toda centrada na questão da dependência mesmo, ou seja, estavam analizando a questão das drogas pelo viés daqueles indivíduos que chegaram ao fundo do poço, propagando a cultura do medo e da "epidemia das drogas na sociedade". Em suma, proprietários de clínicas, "ex"-dependentes falando sobre tratamento todo voltado à internação, voluntária, involuntária ou compulsória. Ou seja, um modelo fadado ao fracasso, ante a baixa taxa de sucesso dessas medidas. O eventou foi muito além do tempo previsto, graças à participação estapafúrdia do ex-ministro da saúde Alceni Guerra, cheia de desinformação e terrorismo anti-crack. Não foi possível a partipação ao final para manifestação da plateia, mas como eu sou amigo pessoal do advogado que comandou o evento, farei diretamente com ele as minhas observações e volto para dizer como foram recebidas por ele. Inclusive, esse advogado é um cara que teve a própria experiência de conhecer o poço lá de baixo, e se tratou com a Ibogaína, ou seja, totalmente ortodoxo ele não é, creio que ele está aberto a discutir o assunto muito mais a fundo do que foi possível no evento realizado.
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  5. Esses clubes já rolam no Brasil só que o Estado não sabe!
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  6. Galera, a Camara ja disponibilizou no e-democracia o debate sobre drogas. http://edemocracia.camara.gov.br/web/espaco-livre/forum/-/message_boards?_19_mbCategoryId=944804 Vamos detonar os argumentos dos proibicionistas.
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  7. LOC: OS BRASILEIROS PODEM DAR SUGESTÕES PARA O NOVO CÓDIGO PENAL QUE ESTÁ EM DISCUSSÃO NO SENADO. LOC: PARA ISSO, BASTA ACESSAR O SERVIÇO ALÔ SENADO – POR TELEFONE OU PELA INTERNET. NAS ÚLTIMAS SEMANAS, O SERVIÇO DA SECRETARIA DE PESQUISA E OPINIÃO DO SENADO ATINGIU UM NÚMERO RECORDE DE CHAMADAS - A MAIORIA VINDA DE CIDADÃOS INTERESSADOS EM OPINAR SOBRE A REFORMA DA LEGISLAÇÃO PENAL. REPÓRTER NARA FERREIRA (REPÓRTER) Nas três primeiras semanas de agosto, as páginas do Alô Senado na Internet receberam 46 mil 247 visitantes e do DataSenado 167mil e 34. São números recordes que revelam maior interesse do brasileiro em interagir com o Senado Federal. A reforma do Código Penal, cujo anteprojeto foi entregue por uma comissão especial de juristas e começa a ser discutido pelos senadores, é o assunto que mais atrai a participação dos brasileiros no Alô Senado. As mensagens abordam principalmente o tratamento penal dado à homofobia, ao uso de drogas, ao aborto, à eutanásia e à redução da maioridade penal, entre outras questões. Já o DataSenado é um serviço da Secretaria de Pesquisa e Opinião que faz pesquisas para aproximar a comunicação entre o Senado e a sociedade. Alem de pesquisas de opinião seguindo métodos científicos, são também feitas enquetes quinzenais, pela internet, que sondam tendências e expectativas de opinião. As enquetes podem ser sugeridas pelos Senadores para investigar um assunto específico. O diretor- adjunto da Secretaria de Pesquisa e Opinião, Thiago Cortez destaca que a participação popular, por meio dessas ferramentas de comunicação, ajuda os parlamentares no encaminhamento e na votação de projetos: (THIAGO) a grande importância da mobilização da sociedade em torno desse tema é poder trazer para dentro das discussões do parlamento a opinião pública nacional, quando a pessoa manifesta sua opinião, essa opinião é tratada aqui no nosso sistema, a gente encaminha a opinião dela para os senadores, então na hora da votação, na hora de analisar o projeto o senador vai levar em consideração a opinião da população. (REPÓRTER) O DataSenado promove no momento uma enquete sobre a descriminalização do uso de drogas. Mais de oitenta por cento dos participantes responderam ser favoráveis à liberação da produção e porte de drogas para consumo próprio. O Alo Senado pode ser acessado pelo telefone 0800 61 2211 e o DataSenado pela Internet: www.senado.gov. br Nara Ferreira.
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  8. haha voce viu, recorde de acessos ao datasenado na votação da descriminalização !!!
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  9. http://www.senado.gov.br/noticias/radio/programaConteudoPadrao.asp?COD_TIPO_PROGRAMA=4&COD_AUDIO=283919 Olha o que saiu na radio senado hoje !
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  10. Eu trabalho como webdesigner e farei qualquer tipo de trabalho sem cobrar nada, com o maior prazer inclusive tenho um projeto de uma revista online:http://matheusrangel.deviantart.com/gallery/?offset=48#/d52f5e5
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  11. valeu delta! esse the cannabis papesr nao eh do nci nao.. cabei de baixar. e dum grupo ligado ao norml parece.... pero muy buenO!!! tem um capitulo de maconha e direção... nenhum novo estudo, é um diálogo, , mas muito interessante e embasado, tem ate as referencias o pior cego é o que vê tudo com os olhos do opressor enfim vo tentar ler mais coisa depois no nci tava olhando o q mudou foi q atualizaram o status dos canabinóides http://www.cancer.go...fessional/page4 e os estudos preclinicos são animadores, nessa pagina eles citam alguns, o da apoptose em hepatocarcinoma celular já tinha até sido publicado aqui, http://www.growroom....do-no-problems/ outro estudo aponta 60% de inibição de tumor... e em outro o cbd impede a ação de produto cancerígeno... é de chorar...
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  12. os índios amam a erva, eu também amo a erva, e jesus também ama....All we need is love...rss.
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  13. O problema no Brasil é a tão temida bancada evangéleca e seu falso moralismo, com mais de 200 deputados na câmara. Ameaçou travar as votações importantes do governo por causa do kit gay e o governo cedeu rapidinho. Se continuar assim vamos caminhar em passos largos para uma TEOCRACIA!!!
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  14. meu deus....imagina o bonde..... eu faria questão de alugar uma Kombi e chamar os mais chegados p/ meiar a Gasola cmg...... a kombosa da fumaça!!!!
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  15. Bora votar galera, limpa tudo do seu navegador e vota de novo
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  16. Adianta ai Da Lata, faz essa força pra família que tá todo mundo ansioso pelo conteúdo pô E valeu mesmo pela filmagem!!!
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  17. A Favor está caindo 2,5% pontos ao dia , vamos votar galera A Favor - 83,0% Contra - 17,0% Total de votos: 195930
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  18. Exato! Esse é o caminho, regulamentação do consumo, prevenção e tratamento aos dependentes... Precisamos nos inserir nesse contexto... juntos, podemos mudar a realidade! Precisamos fazê-los entender que somos aliados e não inimigos! Tá rolando! Aos pouquinhos estamos chegando lá! Abração
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  19. da hora All... vamos nessa que eles tao vendo mesmo!!!
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  20. vamo galera, vamo passar dos 200 mil ! divulguem a enquete !!!
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  21. Como eu estava falando com o Fabrício, não tem como registrar um clube desse no Brasil, ao menos pelos próximos (vários) anos. Eu dei idéia de fazer im "clubinho do bolinha", só de broders plantando e fumando na maciota, e compartilhando uns buds, coisa que eu já faço com uns amigos. Não sei se foi disso que o sano falou que já existe no Brasil, mas acho um modelo bacana de socialização. Claro, sempre no sapatinho pra casa não cair.
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  22. alto risco nao...é merda na certa! se nao se pode nem estudar a planta, imagina plantar em cooperativa de consumo!
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  23. Desde o advento do vegetal, nunca mais tive vontade de dropar ácido, pra mim me deu sempre uma trip muito confusa, nada esclarecedora, muita bagunça na mente, aproveitava muito mais a diversão da confusão toda do que o aprendizado que dá pra extrair de uma viagem aos confins da própria mente. Já o vegetal, bebido em uma ritualística muito mais específica do que um ácido à beira da piscina, me levou a lugares em que nunca nem vislumbrei com o lsd. Digo que o lsd dá uma arranhadinha na lisergia, e o vegetal arregaça com tudo
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  24. Porra, foi muito bom o debate... Galera, nao eh sacanagem nao... O Mandacaru esta igual a fumo no pote..., quanto mais o tempo passa, melhor ele fica... Representou os canabistas, a semsemente, growroom e ainda tirou onda... O cara estava bem demais nem o psiquiatra fruta e a psicologa maluca iam aguentar ele... rsrsrs
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  25. Mano, eu faço uma espécie de clube com os amigos de vez em quando. Junta uns buds pra degustar, curtir um som e jogar conversa fora. Mas se animar de estudar e fazer um club modelo espanhol aqui no DF eu animo.
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  26. Sensasional! Tô sabendo que por baixo dos ternos tinha um monte de amarelinhas na plateia.. rs PArabens galera, é com esse tipo de mobilização e articulação com os diversos setores da sociedade que venceremos nossa luta. Imagino o tanto de proibicionistas que estávem presentes e absorveram pelo menos um pouco da informação passada, e talvez tenham mudado um poquinho seus conceitos. VQV! Esse ano ninguém segura a gente..
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  27. soh pra deixar o link nessa pg http://www.senado.gov.br/noticias/DataSenado/
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  28. Não sabia dessa não, mas não dúvido de nada!!! Quando meteram bala na polícia lá, foi tudo com arma de guerra (fuzil e metranca)!! Morreu vários canas!! Foi o que deu origem a queda do presidente. A maior safra do Paraguai é de maconha e o maior cliente é o Brasil!! É triste ver tanta hipocrisia nesse mundo!!!
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  29. fonte: http://caioferretti.tumblr.com/ Quase toda a maconha plantada no Paraguai tem um só destino: o Brasil. Para suprir nosso consumo, o país vizinho sofre com a invasão de facções criminosas brasileiras, políticos corrompidos e um mercado paralelo que financia a violência Por Caio Ferretti Apenas dois quarteirões separam o senador paraguaio Roberto Acevedo da entrada de sua casa. Passa das 18h em Pedro Juan Caballero, cidade do Paraguai que faz fronteira com o território brasileiro, e as ruas já estão escuras. Sentado no banco de trás de uma caminhonete vermelha adesivada com a campanha política do irmão, prefeito da cidade, Acevedo está acompanhado de um segurança e do motorista. Em questão de segundos, um carro ultrapassa velozmente a caminhonete e descarrega uma rajada de balas de fuzil AK-47 e de metralhadora M16. Por volta de 60 tiros atravessam os vidros e a lataria, sem chance de revide. Motorista e segurança morrem. O senador, verdadeiro alvo, leva apenas dois tiros no braço e sobrevive. O atentado falhou – e o político, que é um dos principais expoentes na luta contra o narcotráfico nas fronteiras do Paraguai, seguiria atuando contra as facções. Trabalho arriscado para um lugar onde organizações criminosas agem na base da bala, autoridades estão corrompidas e plantações de maconha movimentam a economia. E quem financia e comanda tudo isso? Um detalhe na cena do atentado indica a resposta: o carro de onde saíram os tiros que tentaram calar Acevedo tinha placas de São Paulo. Os disparos contra o senador aconteceram em 2010 e são apenas um exemplo da situação caótica da região leste paraguaia, gigante produtora de Cannabis. A polícia federal estima que entre 80% e 90% de toda a maconha produzida no Paraguai venha direto para o Brasil. Tamanha porcentagem movimenta volumosas quantias de dinheiro e atrai traficantes. Vamos às contas. “Um hectare produz 8 mil plantas de maconha por safra. São cerca de 3 toneladas da droga por hectare. O quilo, na saída da plantação, custa uns US$ 10. Ou seja, 1 hectare rende US$ 30 mil. Como acreditamos que existem em média 6 mil hectares de plantações no Paraguai, são US$ 160 milhões de renda para o crime organizado só nessa primeira fase da negociação. Até o consumidor final, isso se multiplica várias e várias vezes, e o lucro do tráfico passa dos bilhões.” Quem faz o cálculo é Antônio Celso dos Santos, delegado da polícia federal brasileira instalado na capital paraguaia há dois anos e meio. E o que faz um delegado federal atuando no país vizinho? Ele mesmo explica: “A criminalidade do Paraguai está intimamente interligada à brasileira. Por isso é importante que a gente faça esse trabalho de repressão aqui onde a droga é produzida, em conjunto com a polícia local”. PCC e CV na chefia Quando diz que o crime paraguaio está “intimamente interligado” com o brasileiro, Antônio Celso não exagera. São facções do Comando Vermelho e do PCC (Primeiro Comando da Capital) que dominam grande parte do plantio de maconha no leste do Paraguai. Para importar a planta, exportam traficantes. “Sabemos que a maioria da maconha que entra no Brasil é de uma forma ou de outra coordenada, financiada e tudo mais por brasileiros, tanto ligados ao CV quanto ao PCC”, revela o delegado. “As plantações no Paraguai atraem essa massa criminosa.” As organizações perceberam que era muito mais lucrativo pular os intermediários e passaram a investir diretamente na plantação do outro lado da fronteira. A incursão do narcotráfico brasileiro no Paraguai começou a dar sinais mais evidentes no fim da década de 90, quando Fernandinho Beira-Mar, considerado o chefe do CV, foi para o departamento de Amambay (o país é dividido em departamentos e não em Estados). Durante anos ele atuou em parceria com as quadrilhas que comandavam o tráfico na região, mas em 2001 as coisas mudaram. Na época, o clã da família Morel dominava a produção e a exportação da droga. Eram considerados os reis da maconha no Paraguai, mas foram dizimados a mando de Beira-Mar, que tomou conta do negócio. “Depois disso piorou muito. Agora eles vêm para morar, compram fazendas, têm toda uma estrutura e muitos homens. Entre Capitán Bado e Pedro Juan Caballero já tem uns 400 membros desses grandes grupos brasileiros”, estima o senador Acevedo. Um contingente que já se espalhou e se fixou em terras paraguaias. Investigações da polícia federal brasileira até mapearam os principais redutos dessas facções. A região mais ao norte da fronteira com o Brasil, onde fica Pedro Juan Caballero, é uma área com grande atuação do PCC – não à toa o atentado ao senador Acevedo foi atribuído a essa organização. Um pouco abaixo, na cidade de Capitán Bado, é o Comando Vermelho que dá as cartas. “Se jogasse uma rede nessas regiões de fronteira e pegasse todos os brasileiros, menos quem tem algum comércio legal, vai dar uns 90% de procurados pela polícia”, calcula Antônio Celso. “Uma época eu brinquei com o pessoal do Paraguai dizendo que, se a polícia regional abordasse todos os brasileiros da região de Pedro Juan Caballero, a maioria dos caras do PCC seria presa.” E não é só a violência, a maconha gera um problema social para o Paraguai. Os pequenos agricultores, campesinos, estão trocando os tradicionais milho e feijão para plantar maconha. “Muita gente está se arriscando nesse mercado”, diz Acevedo. “Mexe com muito dinheiro. Eles compram juízes, policiais e até jornalistas. Tem repórter pago para falar mal de quem apoia o combate, para tirar a credibilidade. Já teve policial paraguaio que foi preso no Brasil transportando maconha. E na política também, os cartéis já elegem deputados, vereadores, prefeitos, governadores… Está virando uma Cidade do México. É que tem muita demanda do Brasil, não é?” Enxugando gelo E o que leva os brasileiros a não plantar no Brasil? Acevedo com a palavra: “É uma boa pergunta e que eu sempre me faço. Capitán Bado é a maior produtora de maconha do mundo. Faz fronteira com Coronel Sapucaia, no Brasil. A terra é a mesma, mas na cidade brasileira você não vai encontrar uma só planta. Só pode ser por envolvimento de autoridades”. Mas essa não é a única razão que favorece. O Paraguai possui gigantescas áreas desabitadas por ter uma população muito pequena – e mal distribuída. São cerca de 6 milhões de habitantes espalhados em 400 mil km², ou seja, 15 vidas por km², mas restritas a alguns centros urbanos. Tanta área ociosa – e despolicializada – colabora para que os traficantes, muitas vezes, plantem em fazendas alheias, sem que os donos fiquem sabendo. E se é fácil plantar lá, mais fácil ainda é trazer para cá. Diversas cidades brasileiras e paraguaias nessa região são juntas, sem uma linha clara que indique a existência de uma fronteira. “A gente até brinca que você toma uma cerveja no Brasil e vai ao banheiro no Paraguai. O trânsito de veículos e pessoas é muito grande, não tem como controlar”, diz o delegado Antônio Celso. E se não dá para controlar a fronteira, a solução encontrada para amenizar o caos foi outra. Em 2008, assim que assumiu o cargo, o ministro paraguaio César Damián Aquino, diretor da Senad (Secretária Nacional Antidrogas), bateu à porta do governo brasileiro para pedir ajuda. “Eu tive a ousadia e a cara dura de ir comentar a nossa situação”, gaba-se. O ministro Aquino queria retomar uma parceria com a polícia federal do Brasil para intensificar as operações de corte de maconha diretamente nas plantações. “Tínhamos condições de fazer apenas duas operações por ano.” O acordo foi feito – e caberia ao governo brasileiro financiar as incursões. No ano passado, segundo a PF, foram seis investidas nas plantações paraguaias, o que custou cerca de R$ 700 mil ao Brasil para derrubar por volta de 800 hectares de folhas – em peso, 2.400 toneladas. Para este ano estão previstas nove operações. Sucesso? Para a Senad e a PF, sim. Mas o senador Acevedo vê com outros olhos. “Isso é só para apresentar números à imprensa. O governo paraguaio não considera a erradicação da maconha prioridade. Ao contrário, eles acham que é uma fonte de renda para o país. Essas operações não vão acabar com o problema.” Acevedo tem certa razão no que diz. Tanto as operações no Paraguai quanto as apreensões no Brasil ainda representam uma porcentagem muito pequena do total produzido. Façamos os cálculos. São estimados 6 mil hectares de plantações em terras paraguaias, o que equivale a 18 mil toneladas de droga por safra. Se até 90% vem para nós, são cerca de 16 mil toneladas inundando o mercado brasileiro. Quanto a PF informa que foi apreendido em 2010 no Brasil? Por volta de 300 toneladas. La colombianización Mas se não é a atuação policial ofensiva que desatará o nó no Paraguai, o que será? O deputado Elvis Balbuena, do Partido Liberal Radical Autêntico, tem sua sugestão: a regularização da maconha no país. Balbuena preocupa-se porque, em sua avaliação, o narcotráfico por lá está tomando proporções incontroláveis – e ele teme por um fenômeno que chama de colombianização. “Temos aqui um grupo criminoso denominado Exército do Povo Paraguaio, que se proclama idealista, defende os valores populares e vem realizando sequestros para dar legitimidade à sua luta. Nós pensamos que, com tantas plantações de maconha no Paraguai, esse grupo pode buscar autofinanciamento no narcotráfico. É basicamente o que aconteceu com as Farc na Colômbia.” Por isso o deputado Balbuena começou, há três anos, a levantar a discussão da legalização em seu país. No início foi chamado de louco e acusado de ter vínculo com o crime. A Igreja católica, através da Conferência Episcopal Paraguaia, fez um manifesto para que o tema não fosse levado adiante, pois fomentaria o uso entre os jovens. Mas Balbuena seguiu: “Nós acreditamos que o uso existe de qualquer maneira, mas com a proibição surgem os grupos marginais”. Seu projeto de lei, ainda sendo aperfeiçoado antes de ser apresentado ao partido, libera que os usuários possam cultivar até dez pés de maconha para uso pessoal. Em caso de uso medicinal comprovado, a cota sobe para 50 pés. Além disso, o porte também seria descriminalizado. Certo, mas uma dúvida plaina. Se é o Brasil que consome quase toda maconha produzida no Paraguai, se é o nosso crime organizado que conturba a situação por lá, não seria ineficaz legalizar no Paraguai e manter a restrição aqui? Elvis Balbuena responde: “Correto. O único caminho é que os países se ponham de acordo e saquem da lista das Nações Unidas a maconha como produto considerado droga perigosa.. Legalizar no Paraguai tende a melhorar a situação, mas só à medida que o Brasil, a Argentina e outros países também discutam o tema”. Falando ao telefone com a reportagem, num espanhol lento para ser bem compreendido, o deputado finaliza: “A maconha existe e ninguém pode negar. Vai continuar existindo e não há força que possa combatê-la. Cedo ou tarde os governantes vão entender que a legalização é o único caminho que temos”.
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  30. Os políticos paraguaios participam do ciclo do prensado, a revista THC desse mês da Argentina traz uma matéria denunciando vários políticos do alto escalão que tem participação direta com a exploração do maior produto paraguaio.
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  31. Nenhum problema entre o jornalista (eu) e a revista.. eu sou repórter da revista há anos, aliás.. Peço, por favor, que o nome da revista não seja mais citado. Fico feliz que vocês tenham gostado da reportagem.. vamos conversar sobre publica-la na Sem Semente.. abraços!
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  32. a igreja catolica tb nao eh a favor do plantio na moral,sou catolico, mas religiao eh uma merda, tudo bem, cada um , em casa, conversar ou pedir q nada d mal aconteca, q tudo melhore, isso eh normal, pra quem quer q seja, mas cada um na sua sem fanatismos ou querendo se meter na vida dos outros. nao gosto dessas paradas, de querer dar ordem, nao curte fica longe. a igreja e outras religioes nao respeitam a opiniao das pessoas q nao pensam como elas, fala serio..
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  33. E num é que eu penso nisso direto... Os evangélicos estão dominando a porra toda... []'s
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  34. se a diferença de votos no fim da enquete, for mesma que está ai atualmente de 85% a favor e 15 contra, eles vão tirar a colclusao que os doidoes estao plugados na internet, a maioria dos doidoes sao internautas, duas pesquisas em uma enquete...
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  35. Muito bem feito e com conteúdo. Vale a pena! Abraço comunidade.
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  36. A solução para as dorgas é botar todos os dorgados no aerotrêêm!
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  37. Eu ponho a dose embrulhada em um pedacinho de miolo de pão amassado, e engulo com um gole de agua... Sim a inalação tb é muito importante principalmente se for um caso de cancer de pulmão, é que via oral vc manda os canabinoides pra onde o organismo absorve os nutrientes, e o aproveitamento é de 100% do ingerido, vaporizando quando vc solta a bola e lá vai embora uns 90% dos cannabinoides que vc mandou pro pulmão.
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  38. Belo texto do Sam Harris, realmente a war on drugs tem muito de war on sin, de outro modo não teriamos a quantidade de drogas psicotropicas que temos vendendo em farmacias.
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  39. Essa música aqui só funciona no volume máximo...
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  40. La marihuana es la única droga capaz de regenerar células nerviosas El cannabis (marihuana, hachís, o los cannabinoides) ha sido utilizada para fines médicos y de esparcimiento durante muchos siglos, probablemente es el único medicamento o drogas que constantemente tiene interés público y genera tanta controversia en la investigación médica. “Los cannabinoides son capaces de controlar o disminuir dolores, nauseas, vómitos, epilepsia, accidentes cerebrovasculares isquémico , trauma cerebral, esclerosis múltiple, tumores y otros trastornos tanto en seres humanos cómo animales”. Recalcó el doctor Zhang de la Universidad de Saskatchewan de Canadá. Una reciente publicación, de la revista de investigación científica Journal of Clinical Investigation, concluyó que la Cannabis Sativa es capaz de regenerar las células nerviosas de hipocampo, parte del cerebro que se relaciona con el aprendizaje, la memoria, ansiedad y depresión. En el estudio proporcionaron a ratones de laboratorio altas dosis de HU210 ( con dosis divididas 2 veces al día ) ,sustancia sintética similar a uno de los cannabinoides psicoactivos que se encuentran en la plata Cannabis Sativa, durante diez días , descubrieron que la velocidad de formación de células, proceso conocido como neurogénesis, aumento en un 40% en el hipocampo. Conocido es que muchas drogas cómo el alcohol, heroína, nicotina y cocaína destruían células nerviosas en el hipocampo cerebral. “El presente estudio indica que los cannabinoides son la única droga ilícita cuya administración crónica puede promover la creación de células nerviosas en el hipocampo cerebral de individuos adultos“. Afirmaron los científicos que realizaron el estudio. Hasta el momento ninguna droga regeneraba este tejido nervioso cerebral, si no al contrarío lo suprimían. . Esta nueva investigación señala que el tamaño de las dosis inyectadas de este cannabinoide artificial deben ser grandes y no pequeñas. El equipo de investigaciónque a publicado el estudio esta compuesto por varios científicos que representan a Universidades de tres países diferentes. Wen Jiang, Yun Zhang, Lan Xiao, Jamie van Cleemput, Shao-Ping Ji y Xia Zhang de la Universidad de Saskatchewan (Canadá), Wen Jiang de la 4ª Universidad Medico-Militar de Xi´an (China) y Guang Bai de laUniversidad de Maryland (USA). “La selección natural ha conservado intactos los receptores de cannabinoides en los animales durante el proceso de evolución por mas de 500 millones de años, esto nos sugiere que tienen un importante papel biológico. Los cannabinoides aparecen para alterar los efectos del dolor, nauseas, tumores, esclerosis y otros desordenes tanto en humanos como en animales, indica el equipo científico.” Se afirma en dicho estudio A demás se logró concluir que el cannabis tiene un efecto antidepresivo y ansiolítico, en el estudio los animales, inyectados durante un mes mostraron menos ansiedad y miedo cuando se les colocaba en nuevos entornos usualmente temidos por los roedores Es así como emerge del reciente descubrimiento, que el hipocampo es la única zona cerebral capaz de regenerar neuronas durante la vida de los mamíferos, incluido el ser humano. En los preliminares de otro estudio llevado acabo por el neuro-científico Barry Jacobs de la Universidad de Princeton se indica que el cannabinoide THC, presente de forma natural en la planta del cannabis, no se detecta que produzca neurogénesis en el hipocampo pero no indica las dosis utilizadas en su estudio ni la cantidad de tiempo de administración de la sustancia. Los resultados de este estudio serán presentados en Washington DC en el próximo mes de Noviembre durante la próxima reunión de la Sociedad para la Neurociencia. “Los cannabinoides son una excitante área nueva para la investigación medica y aunque los cannabinoides sintéticos pueden mostrarnos la evidencia de regeneración nerviosa es importante reconocer que existen mas de 60 ingredientes activos en la cannabis” señalo al respecto Paul Corry, director de comunicaciones de Rethink, asociación inglesa dedicada a mejorar la salud de las personas que padecen trastornos mentales. http://www.diarioant...l/el-pais/12497 http://www.jci.org/a...&stored_search=
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  41. Legalizar a maconha Para informar sobre os reais efeitos da cannabis e lutar por sua legalização, centenas de manifestantes saem às ruas em maio na já tradicional Marcha da Maconha. Uma luta que não é só dos usuários, mas de todos aqueles que creem que a repressão ao tráfico da maconha só causa mais violência. Por Túlio Vianna A maconha é o maior tabu criado no século XX. Após a era vitoriana (1837-1901), com forte predomínio dos tabus sexuais, a repressão social do prazer deslocou-se dos genitais para a mente. Drogas cujo uso havia sido permitido, ou ao menos tolerado durante a maior parte da história da humanidade, passaram a ser combatidas com veemência durante o século XX. A primeira grande iniciativa de combate às drogas se deu com a Lei Seca estadunidense que, entre 1920 e 1933, proibiu a comercialização de bebidas alcoólicas. Nesta época, ainda se podia fumar maconha legalmente nos EUA, mas a cerveja e outras bebidas estavam proibidas. A medida não impediu que as pessoas continuassem bebendo, mas alterou seus hábitos de consumo. Os destilados eram mais fáceis de serem produzidos clandestinamente e eram consumidos na forma de coquetéis, pois dissimulavam a baixa qualidade das bebidas que, muitas vezes, continham alvejantes, solventes e formol na sua fórmula. Com isso, longe de resguardar a saúde dos estadunidenses, a Lei Seca acabou por agravar o problema, já que não havia qualquer controle estatal da qualidade das bebidas. A pior consequência da lei, porém, foi o advento dos gângsters que, tal como os traficantes de drogas de hoje em dia, matavam e praticavam inúmeros outros crimes graves para levar as bebidas alcoólicas à mesa dos consumidores da época. A criminalização do álcool revelou-se um desastre. Não foi capaz de acabar com o alcoolismo, impediu o uso casual e responsável da bebida e, ainda por cima, fortaleceu como nunca a atuação dos criminosos. Quando, em 1933, a 21ª Emenda Constitucional dos EUA revogou a Lei Seca, os estadunidenses pareciam ter aprendido a lição de que criminalizar uma droga é a pior maneira de se tratar um problema de saúde pública. Não tardaria, porém, para que a maconha substituísse o álcool como o tabu número um daquele país. Durante os anos da Lei Seca, a maconha cresceu em popularidade nos EUA. O uso da droga, até então restrito principalmente aos imigrantes mexicanos, tornou-se uma popular alternativa aos efeitos do álcool, que era então proibido. Com a sua popularização, surgiram os primeiros boatos de que a maconha instigava ao crime e à promiscuidade sexual, e o proibicionismo acabou ganhando força. Paralelamente ao interesse moralista de banir a maconha, havia também o interesse econômico da indústria de tecidos sintéticos, pois a erva disputava o mercado com o cânhamo. Foi assim que, apenas quatro anos depois da revogação da Lei Seca, os EUA aprovaram a Lei Fiscal da Maconha (Marijuana Tax Act of 1937) que, na prática, impedia o uso da cannabis no país. No Brasil, a maconha já havia sido incluída no rol das substâncias proibidas pelo Decreto 20.930 de 11 de janeiro de 1932, estimulado por um preconceito racial contra seus principais usuários: os negros. Em 1961, a ONU aprovou a Convenção Única sobre Estupefacientes e, por influência dos EUA, a maconha foi incluída no rol das drogas proscritas. Em 1964, Castello Branco promulgou o tratado no Brasil e a maconha passou definitivamente a ser combatida pela ditadura militar. Na década de 1970 a repressão à maconha ganhou mais força nos EUA, quando o então presidente Richard Nixon declarou “guerra às drogas” e criou o Drug Enforcement Administration (DEA), órgão da polícia federal estadunidense responsável pela repressão e controle das drogas. A política repressiva estadunidense impôs a cooperação internacional em sua “guerra às drogas” e serviu de pretexto também para uma ingerência nos assuntos internos dos países alinhados. A partir daí, a erva passou a ser usada rotineiramente como subterfúgio para a intervenção das grandes potências nos assuntos internos de países soberanos, a título de cooperação no combate ao crime. A ciência sobre a maconha A cannabis sativa é uma droga psicoativa que tem como princípio ativo o THC (Tetraidrocanabinol). Normalmente é fumada e sua absorção se dá pelos pulmões, mas também pode ser ingerida, o que se faz normalmente por meio de bolos e doces, já que a droga é lipossolúvel. Antonio Escohotado, em seu livro Historia General de las Drogas, descreve os efeitos psicoativos da maconha como um aumento da percepção sensorial: muitos detalhes de imagens passam a ser percebidos, aumenta-se a sensibilidade musical, aguça-se o paladar e o olfato, e o tato torna-se mais sensível a variações sensoriais, como, por exemplo, entre calor e frio. Esta intensificação dos sentidos permite que pensamentos e emoções aflorem das formas mais variadas, desde risos espontâneos até tristezas profundas. A maconha também é utilizada nas relações sexuais para apurar as sensações, ainda que não se trate propriamente de um afrodisíaco. Entre os efeitos secundários habituais estão a secura da boca, o aumento do apetite (larica), a dilatação dos brônquios, leve sonolência e moderada analgesia. Os efeitos começam poucos minutos depois de fumar e alcançam seu ápice após meia hora, cessando normalmente entre uma e duas horas depois. A maconha é considerada pela maioria dos especialistas como uma droga menos tóxica e que provoca menos dependência que o álcool e o tabaco. Em uma das mais importantes pesquisas comparativas entre drogas psicotrópicas já realizadas, publicada na prestigiosa revista médica The Lancet em março de 2007, um grupo de destacados especialistas atribuiu notas de 1 a 3 aos malefícios provocados pelas drogas. A toxidade da maconha recebeu nota 0,99, inferior às do álcool (1,40) e do tabaco (1,24) e muito distante de drogas pesadas como heroína (2,78) e cocaína (2,33). Também em relação à dependência, a maconha se mostrou menos prejudicial que outras drogas, recebendo nota 1,51, abaixo das do álcool (1,93) e do tabaco (2,21) e bem menor que das drogas pesadas como heroína (3,00) e cocaína (2,39). A toxidade aguda (aquela produzida por uma única dose) da maconha é desprezível e não há registros de pessoas que tenham morrido por overdose de maconha ou cuja saúde tenha sofrido algum dano devido ao uso esporádico da erva. A toxidade crônica (aquela proporcionada pela exposição contínua à droga) é significativa, mas inferior aos danos causados pelo tabaco e pelo álcool. Sabe-se que a diferença entre um cigarro de nicotina e o de maconha é basicamente o princípio ativo. Assim, é bastante provável que o uso contínuo de maconha aumente as chances de se desenvolver câncer, principalmente porque muitos dos usuários da cannabis não utilizam qualquer tipo de filtro. É sabido também que o uso da maconha prejudica a memória de curto prazo, mas estes efeitos normalmente desaparecem quando se cessa o uso. Não há indícios de que a droga provoque danos cerebrais permanentes, e as pesquisas mais recentes já demonstraram ser falso o popular discurso de que “maconha queima neurônios”. A dependência causada pela maconha também é inferior às provocadas pelo álcool e pelo cigarro. O usuário pode desenvolver tolerância à maconha e precisar utilizar cada vez maior quantidade da droga para produzir o mesmo efeito psicoativo, mas após uma interrupção do seu uso por alguns dias, a tolerância desaparece. A erva possui também efeitos terapêuticos que vêm sendo descobertos por inúmeros pesquisadores, especialmente no tratamento das náuseas provocadas pela quimioterapia e no tratamento da dependência de crack e cocaína. Infelizmente, em virtude da proibição da droga, as pesquisas científicas são bastante dificultadas, o que inviabiliza o desenvolvimento de remédios à base de maconha. A criminalização de um tabu Há uma visível incongruência em se criminalizar a cannabis e permitir a comercialização de bebidas alcoólicas e cigarros de nicotina. A ciência tem provado a cada dia que a maconha é uma droga muito menos tóxica e que gera menor dependência que as drogas legalizadas. Não obstante tais constatações, permanece o tabu, na maioria das vezes por completa ignorância científica – ou pior – por falta de coragem política de quem legisla para desafiar o senso comum e iniciar um debate sério sobre a legalização da cannabis. Segundo dados do Departamento Penitenciário Nacional, em 2009, mais de 78 mil presos cumpriam pena no Brasil por conta de crimes envolvendo drogas ilícitas. O número equivale a 20% do total da nossa população carcerária. Como a maconha é a droga ilícita mais popular no Brasil, boa parte destes presos está condenada por comercializar uma droga que é menos danosa que o álcool e o tabaco. Enquanto isto, a Ambev e a Souza Cruz faturam fortunas e seus diretores são respeitados como empresários de sucesso. Um tratamento absolutamente desigual que agride qualquer senso de proporcionalidade. Há um princípio fundamental do Direito Penal que impede que condutas sejam criminalizadas simplesmente por questões morais. Crimes só podem existir em um Estado Democrático de Direito para evitar condutas que lesem ou coloquem em risco interesses jurídicos de terceiros. Não se pode punir alguém por uma auto-lesão. O uso da maconha por pessoas maiores e capazes não lesa mais que a própria saúde. E o vendedor da maconha, assim como o vendedor de cigarros e de bebidas alcoólicas, nada mais é que um comerciante que atende à demanda pelo produto. A legalização da maconha não é de interesse somente dos seus usuários e comerciantes, mas de todos aqueles que não veem sentido em investir dinheiro público em um aparato policial e judiciário para coibir uma droga menos danosa que outras legalizadas. A ilegalidade sustenta parcela significativa dos traficantes brasileiros e, por consequência, boa parte da corrupção policial decorrente da existência destas quadrilhas. A legalização da cannabis não acabará, decerto, com o tráfico das drogas pesadas, mas reduzirá em muito a força das quadrilhas de traficantes que perderão grande parte de sua arrecadação com a venda da maconha. A repressão policial à maconha em menos de 80 anos já causou mais mortes e prejuízos do que o uso da erva jamais poderia ter causado em toda a história da humanidade. Desde a Inquisição e a caça às bruxas o Direito Penal não vinha sendo usado com tanta ignorância no combate a um inimigo tão imaginário. Já é hora de os moralistas admitirem que sua guerra contra a maconha é ainda mais tola do que foi sua guerra contra o álcool na década de 1920. A legalização da maconha é o único armistício possível nesta guerra que já derramou tanto sangue e lágrimas para sustentar um simples tabu.
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  42. Daqui a pouco alguem cria um tópico desesperado com as plantas porque o vizinho de cima ligou na casa dele chamndo pra fumar achando que seria uma armadilha.
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  43. Fogao Elétrico e Panela eletrica não fazem parte de nossa Realidade!!!! Eu gasto é GAS! hehehehe 12hs no gás transforma carne de pescoço em filé!
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