Salve semeadores do meu Brasil.
Tenho 29 anos, sou usuário de Cannabis a 1 ano e 2 meses. É isto mesmo, 1 ano e 2 meses apenas!
Este é meu primeiro post no Fórum, apesar de ler quase que diariamente os tópicos do Growroom.
Venho através deste deixar meu depoimento, como usuário, como ser humano, como cidadão, como paciente, e compartilhar minhas preocupações.
Minha história com “Maria” é recente, porém motivada por problemas de saúde que me acompanham a anos.
Em 2010, fui diagnosticado pela primeira vez com Transtorno de Ansiedade Generalizada resultando em recorrentes crises Pânico. Logo após os primeiros dias eu não acreditava, não aceitava, porém os sintomas eram claros e intensos. Tudo o que eu pensava era “Como eu faço tudo isso passar..”.
No início foi uma batalha, dia após dia, e o pior, contra eu mesmo; Contra um pedaço independente porém consciente de meu magnífico “main core”, leia-se cérebro, resultado de milhares de anos de evolução.
Um fato interessante sobre Ataques de ansiedade e/ou Pânico é que não são fatais, isto literalmente, entretanto me recordo “estar morrendo” pelo menos 2 vezes por semana. Fiquei amigo dos enfermeiros do hospital mais próximo a minha casa, quase que um paciente vip.
Eu chegava desesperado, tremendo, com braços dormentes, dores no peito, sem ar, pressão arterial variando e simplesmente a sensação de estar morrendo.
Acredito que só quem já passou por isto sabe o que estou falando. E amigos, digo com propriedade, não julguem muito menos menosprezem quando alguém está em uma crise de pânico, é desesperador.
O pior, apesar de psicológico, os sintomas são reais; tão reais que inclusive em algumas situações eu desmaiava e por 2 vezes tive convulsões.
Pior ainda é você “estar morrendo” e no final das contas continuar vivo. Se muitos têm medo de morrer, imaginem você encontrar a morte e no final das contas não acordar no paraíso (rs). Como se ela aparecesse para mim com sua foice afiada, vestes negras, densas e gastas, com um olhar sombrio e falasse: “Ráaa, pegadinha do malandro.”. Tenso.
Após 5 Psiquiatras, 3 Psicólogos, diversos tratamentos e terapias diferentes, remédios e mais remédios... Eu continuava encontrando com “Mr. Death”, que acabou virando um grande amigo. Era certo, toda semana nos encontrava-mos para trocar uma ideia.
Mudanças na rotina, mudanças na alimentação, mudança no trabalho, mudança até de mulher! Melhorei, mas não o suficiente.
Chegava a tomar 4mg de Rivotril diariamente apenas para tentar me sentir normal, e me sentia completamente o inverso.
Mesmo após tanto, “Mr. Death” vinha me visitar.
Conversando com outras pessoas com os mesmos problemas de saúde, percebi que nada mudaria. Todos os procedimentos, terapias, medicamentos, eram basicamente os mesmos, eficazes para alguns, camufladores para outros, e posso garantir que para muitos a situação era a mesma que a minha.
Tudo isto mudou quando eu li um artigo científico que falava dos benefícios do CBD e suas propriedades medicinais. Nem me lembro exatamente qual, até porque após este, li centenas e centenas.
Lembro exatamente o quão fiquei chocado em saber o quão desinformado eu estava.
Comecei a pesquisar sobre casos parecidos com o meu e a utilização da Cannabis como tratamento alternativo. Todo material e pesquisas que encontrava eram estrangeiros. Nada, ou quase nada escrito, ou deposto por um de nós. Tive que confiar nos “gringos”.
Fiquei por volta de 2 meses pesquisando, lendo, vendo documentários e criando coragem, até que em contato com um Médico norte americano, e após muitos emails, ele escreve uma frase que mudou bastante minha vida: “Experimente. Morrer você não vai, ninguém nunca morreu devido ao consumo de Cannabis. O máximo que irá acontecer é você passar mal, ter uma crise de pânico, e isto também não irá te matar, correto? ( )” complementou ele.
Sejamos honestos, eu não sou “santo”, muito menos “bicho do mato”, eu já tinha fumado “maconha” antes, quando era adolescente, fumei algumas e algumas vezes, e por incrível que pareça, ou por incrível impacto da sociedade, passou, não curtia mais.
Coragem criada, conhecimento adquirido, era hora da busca, e esta parte foi fácil. Geralmente qualquer um encontra “maconha” em uma cidade relativamente grande.
Acompanhado, para caso eu passasse mal, apertei um “péssimo” baseado, parecia Ronaldo antes do Medida Certa, todo torto, barrigudo e estranho, mas era um baseado.
Dei algumas tragadas e já senti os efeitos. Louco fiquei. Mais importante de toda esta experiência, não passei mal. Não morri. Não me senti “curado”, nem melhor que o dia anterior, mas foi um passo grande porém despercebido.
Volta e meia, um dia ou outro, eu fumava novamente, mesmos efeitos, todos ótimos.
Ainda passava mal as vezes. Algumas inclusive após fumar, o que me fazia a acreditar que essas vezes foram causadas talvez pela paranóia.
Decidi que precisava estudar mais. Neste momento eu descobri que a “maconha” que eu estava consumindo não era a Cannabis que eu precisava.
O maior problema: Onde encontrar você “Maria”?
Nossas leis são retrogradas, nossos comandantes corruptos, nossos protetores..tão opressores. Eu não só me sentia mal quando procurava o fornecimento, como me reforçava cada vez mais a coragem para realizar meu próprio cultivo.
Medo. Sim, este era o sentimento, puro em sua forma. Medo de ser preso por ter uma planta viva e saudável em minha casa. Medo porque o meu direito não era meu.
Por um ano e dois meses (aproximados), eu infelizmente comprei “maconha”; posso SIM ter contribuído com tráfico que mata e apodrece a sociedade, em alguns casos posso ter contribuído como o sustento de uma família normal como qualquer outra; não sei, não julgo, não tinha informações.
Mais importante até o momento era que eu parecia melhorar.
Todos os envolvidos em minha vida sabem, pois foi uma decisão transparente e comunicada. Minha família sabe, meus amigos sabem, meus sócios sabem. Todos sabem.
Eu não me tornei um vagabundo como alguns podem ter pensado. Eu não comecei a trabalhar menos por isto. Eu não me tornei pior.
Após muitos meses todos hoje ao meu redor são testemunhas vivas do quanto eu melhorei. Do quanto estou mais saudável. Do quanto estou mais feliz. Muito por mudanças gerais em minha vida, e muito por causa de “Maria”.
Fazem meses que não visito meus amigos no hospital. Nem consigo lembrar quantos meses são. Não preciso mais contar.
Consumo Cannabis todos os dias. Continuo indo ao Psiquiatra e tomando os remédios por ele receitado, mas ele não sabe que utilizo Cannabis (mentira ele sabe). Dos picos de 4mg de Rivotril, Lexotan, Diazepam, etc, etc, etc. Hoje raramente preciso tomar alguma destas drogas. As vezes 0.25mg de rivotril.
0.25mg, isto é uma vitória para quem aumentava as doses a cada visita ao médico. Para mim, isto é mais que apenas uma vitória, é ser livre.
O melhor de tudo é que eu fico ótimo/“mucho loco” com apenas 2..3 tragadas. Resumindo, nem consumir muito eu preciso! Todos sabemos o quanto é bom, portanto assumo, as vezes a dose é recreativa mesmo
Todo este longo depoimento agora me deixa chegar ao ponto mais importante e motivador para escrever este texto.
Eu decidi me dar o direito de poder colocar uma semente na terra e deixar uma planta crescer.
Porque esta planta irá me fazer bem. Porque cuidar dela será minha terapia, colher ela será uma comemoração e consumir ela será talvez boa parte de minha cura.
E é com esta decisão e respaldo moral, que decidi fazer da melhor maneira e mais transparente possível.
Ontem, 22/01/2014, comprei em meu nome, no meu cartão de crédito e mandei entregar no meu endereço, vários itens relacionados ao cultivo de Cannabis, substratos, vasos, reguladores e até mesmo uma estufa.
Não é que eu queira dar uma de “maluco” ativista, mas convenhamos, eu não devo nada a ninguém. Eu não estou fazendo nada de errado. Não estou fazendo mal a ninguém. Não terei então mais medo.
Sou Diretor de Tecnologia, sócio fundador de 2 empresas, ganho relativamente bem e nunca mais espero dar um centavo que seja para pessoas que degradam nossa sociedade.
Plantarei minha “Maria”. Espero que cresça saudável e me faça muito feliz. Espero que nossas leis mudem. Espero que nossos líderes evoluam, ou sejam trocados.
Não dormirei com medo, mas caso acorde assustado ao sons de “opressores” a minha porta, torço para que todos estejam apenas cumprindo seu trabalho, e sejam apenas, humanos.
Martin Luther King disse: “É nosso dever moral, e obrigação, desobedecer a uma lei injusta.”
Tudo o que eu quero é apenas natureza.
Atualizarei este tópico regularmente informando sobre a vida de minhas "Marias" e os resultados positivos e/ou negativos do meu tratamento.
Abraços a todos!