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beatnik

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Tudo que beatnik postou

  1. Impressionante como esses idiotas sempre usam o argumento de que "Não condiz com a cultura brasileira". As gravadoras e as rádios fizeram isso (e ainda fazem, com raras exceções) com o rock'n'roll, tirando o som pesado das guitarras e as letras contestatórias, por quê "O brasileiro é alegre e suave e esse som pesado e essa letra rebelde não condizem com nossa condição cultural". Ah, tá. Mas o bosta do Fiuk e do Luan Santana tem tudo a ver com a nossa cultura, né? Agora fazem isso com a maconha. "Não faz parte da nossa cultura brasileira". Ah, faça-me o favor. Desde o fim dos anos 60 a maconha tá aí entretendo, fazendo parte da "cultura branca de classe média" (por quê da cultura negra já faz parte desde que os africanos pisaram aqui). Brasileiro se droga pra burro e existe toda uma cultura nacional em torno disso. Vão enganar outro trouxa.
  2. É galera, irada essa intervenção desse personagem aí. No começo do ano, se dissessem que iam pôr um personagem desse, por mais infima que seja sua aparição, numa novela das 9h, eu não acreditaria. Tamo no caminho certo, a mídia num tá mais conseguindo abafar nossa voz. Daqui a pouco tá chegando aê a gloriosa Novela da Maconha. :rasta2bigsmoke0gf: Porém, como outros aí falaram, a Glóbulo dá com uma mão e tira com outra. O "lobby" da Melconha toda tarde é muito maior. Todo dia ela se fode com o vício, rouba coisa em casa e o merda do Lobato ainda fica dando seus depoimentos, jogando no ar suas "verdades" de viciado velho. Fora os muitos outros personagens de merda que tão todo dia passando DESINFORMAÇÃO sobre a maconha. Ô Novela exagerada da porra! Nunca vi tantas mentiras sobre a maconha juntas num só lugar. O que me consola é saber que é uma novela ultrapassada, datada de 2002. Fora que jajá ela acaba aí e o futuro é nosso. 2012 Novela da Maconha porra! Pau no cu dos proibicionistas!
  3. Dá-lhe! Deixei meu argumento lá nos comentários da noticia, tá so esperando aprovacao do moderador
  4. Ontem mesmo o Kassab disse que "O tráfico só acaba quando não houver mais usuários". E o que vemos nos últimos anos? Apesar da proibição, o consumo só vem aumentando e a oferta é grande. Chegamos a um ponto em que comprar maconha é mais fácil que pão, todo mundo sabe onde conseguir. E se a polícia pega 30 toneladas, os traficantes produzem 30 MIL. Pra mim isso só acaba quando regulamentarem a planta. Deixar de usar a repressão pura e simples e passar a PREVENIR o uso, através de campanhas na TV e conscientização nas escolas, além de facilitar algum tipo de acesso legal à maconha, como a possibilidade de plantar legalmente ou conseguir com algum revendedor legalizado. A partir daí, define-se onde se pode fumar e onde não. Não pode fumar na rua, não pode em bar, em casa pode. Essas coisas. E, claro, fiscalizar de maneira eficiente, fazer com que só maiores de idade tenham acesso mesmo, etc. Quanto às outras drogas, acho que deveriam fiscalizar, controlar e renstringir mais o álcool, que é totalmente disseminado e descontrolado, sendo muito fácil o acesso até mesmo para jovens de 14 anos - e ainda fazem propaganda incentivando as pessoas a consumir mais.
  5. Boa, Pintão! Tomara que você ganhe mais e mais repercussão positiva na mídia, que assim os outros políticos favoráveis à regulamentação criam coragem pra sair do armário também sem ter medo de perder voto :335968164-hippy2:
  6. Pois é, eu fico pensando se os homens da lei ainda vao ficar querendo arranjar motivo pra enquadrar a galera... Saiu no G1 (http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/06/pm-diz-que-nao-vai-levar-choque-para-marcha-da-maconha-em-sp.html) que a PMSP vai ficar filmando a galera (coisa que ja faz) e, se ver alguem fumando ou incitando o uso, vai registrar o flagrante pra pegar o cara na saída. E sabe-se la o que se passa na cabeça desses caras, ne, qual o conceito deles de incitacao? Porra, mas isso eh foda. Fazer uma coisa na paz e ser vigiado pelos olhos do Estado, sob a pena de ser punido quando baixar a guarda e tiver sozinho e indefeso, pra nao causar tumulto... Ridiculo essa ameaça
  7. Aquele que ficou 1 hora e meia falando era so um voto?
  8. Mas que lavada hein, essa votação. Até Planet Hemp tão citando!
  9. Vamo que vamo, galera. Pau no cu dos proibicionistas!
  10. cade o abaixo-assinado? como muitos ja falaram aqui eu assino e ainda consigo umas dezenas de assinaturas facil... tambem acho que abaixo-assinado no papel é melhor do que um virtual, ja que é mais real, palpavel e convence mais. um formulario padrao que cada um imprime, colheta as assinaturas e depois junta tudo numa central seria bom, mas e o texto que vai ta escrito? precisamos bolar um texto padrao simples, facil e direto. e o abaixo-assinado precisa de que? nome, rg e titulo de eleitor?
  11. Essa da velha guarda da PM ser mais truculenta eu concordo... sei lá, os caras tiveram outra formação, né? Mas acho que vai muito da sorte. Aqui no Ceará foi implementado o Ronda do Quarteirão, contrataram vários novos policiais e tal e virou tipo uma "PM paralela", com outro fardamento e tudo. Um dia tava fumando com a minha namorada dentro do carro, com os vidros abertos, no estacionamento de um supermercado grande (bem perto da entrada da loja). Chegaram uns conhecidos, falaram com a gente e um deles ficou do lado da janela, fora do carro mesmo, fumando com a gente. Pala total, a gente tava pedindo pra rodar. Nisso chega o Ronda - provavelmente o cara do supermercado acionou -, e o mais louco foi que eles nem foram atrás de fazer baculejo nem nada, chegaram e falaram com um dos caras que tava fora do carro "Olha, quer fumar, vai dar um rolé de carro, fuma em casa, sei lá, mas não fuma aqui não". Pronto, os caras só chegaram, falaram isso e foram embora. Loucura total. Fazendo o contraponto: já sofri duas outras abordagens terríveis com a PM antiga. Numa apontaram armas, deram esporro e fizeram o terror pra rolar o suborno; na outra um PM de capacete (detalhe: se ele desceu do carro da PM, pra quê o capacete?), que não dava pra ver o rosto, não apontou pra mim mas tava segurando a pistola na mão, meu amigo levou um tapão nas costas por falar demais, um outro PM ficou batendo de leve com o cacetete na minha cabeça, o comandante lá deu o maior esporro e ainda mandou a gente correr em direção à favela mais próxima, sem olhar pra trás. Evoluindo ou não, prefiro continuar não confiando em PM. Sabe-se lá o que se passa na cabeça dos caras...
  12. os videos do debate ja foram upados?
  13. Segundo o site da TV Diário, vai ter reprise agora 03:00 da manhã. Mas se o debate foi bom assim, tomara que alguém tenha gravado pra pôr no youtube...
  14. e agora? o negócio vai pra frente ou não vai? já tava todo feliz aqui, preparando meus panfletos...
  15. Já fiz minha doação e mandei um email pra dar o toque. Tô no aguardo da minha conta premium ===~
  16. Vou doar uma grana essa semana mesmo. A propósito, acho muito boa a idéia da associação com o pagamento de parcelas mensais, e apesar de não concordar muito com um esquema tipo "usuário premium", com acesso restrito a determinadas áreas do fórum e tal, acho que uma frase do tipo "Usuário contribuinte" embaixo do avatar ou em outro lugar seria legal e estimularia as pessoas a se associarem. Enfim, se rolar um esquema desse, podem contar comigo como sócio.
  17. O primeiro post foi atualizado. Coloquei o link para os folhetos n°1 e 2. Depois vejo se consigo pôr também um link para os arquivos em .cdr com essas imagens já prontas pra imprimir 4 ou 8 panfletos por página (4 na folha A4 e 8 na folha A3) Também acho, cara. As pessoas têm que produzir seu próprio conteúdo. Não só cartazes grandes pra marcha, mas textos, folhetos, panfletos, etc. Temos que fazer a informação circular, por quê se formos depender apenas da grande mídia pra isso, fica meio difícil...
  18. Claro que sim. Estou fazendo isso justamente com esse intuito, de deixar disponível na internet pra quem quiser baixar, imprimir e distribuir por aí. Pode baixar à vontade, enviar pros amigos, imprimir, distribuir, botar em blog... Pode crer que vai ter um panfleto abordando esse aspecto também. Vai ser o 4° ou 5°... Por falar nisso, o segundo panfleto informativo já está pronto, faltando apenas dar uma revisada no texto, uma ajeitadinha no design dele e pronto. Assim que estiver revisado, posto aqui (acho que dá pra postar ainda hoje). Imprimi 120 folhetos do primeiro modelo, além de 20 cartazes tamanho A4. Os folhetos já foram quase todos distribuídos, e os cartazes também (e continuarei distribuindo). É isso aí! Temos que produzir bastante conteúdo informativo pra distribuir entre os "caretas" e entre os "não-caretas" também. Se a TV e os jornais não informam direito, informaremos nós.
  19. Pessoal, decidi parar com esse negócio de ficar parado apenas assistindo as coisas e resolvi me mexer um pouco. Ontem bolei esse cartaz informativo sobre a maconha (e drogas em geral), que pretendo que seja apenas o primeiro de muitos outros cartazes. Ainda vou fazer um sobre o auto-cultivo, sobre a liberdade de expressão, etc. Enfim, hoje vou fazer a primeira sessão de "pregação" dele nas paredes lá da faculdade, e a idéia é sair pregando pelas ruas, pra que as pessoas vejam e leiam. Também há a opção de diminuir o tamanho do cartaz e fazer folhetos menores pra distribuir de mão em mão. Enfim, estou disponibilizando ele aqui em JPG pra quem quiser imprimir em casa e distribuir também (não sei se tá pronto pra só clicar e imprimir, mas colando ele no Word fica direitinho pra imprimir). Vejam e digam o que acharam, dêem sugestões, etc. Conforme for fazendo mais, vou colocando aqui. Valeu! -------------------------------------- Agora sim aprendi a mexer nesse negócio. Seguem os links para os folhetos em PNG. Podem baixar, salvar, imprimir, distribuir, enviar os arquivos para os amigos. Enfim, façam o que quiserem: Folheto informativo n°1 Folheto informativo n°2
  20. Voltando um pouco aqui à questão do vídeo (e peço desculpas se estou ajudando a desvirtuar mais o tópico - talvez seja o caso de criar um topico apenas pra discutir a questao da elaboração de produtos audiovisuais, que tal?), concordo com você pernola. Acho que a elaboração de vídeos é essencial, já que a população em geral, seja de classe alta, média ou baixa, parece passar mais tempo vendo imagens em movimento (filmes, TV, vídeos) do que lendo textos escritos. Pois bem: ontem, antes mesmo de ver esse tópico e de ler essa idéia de vídeo, tive uma idéia parecida. Inspirado pela história do Fábio, pensei num vídeo também, mas a diferença é que pensei num vídeo de ficção, e não um documentário. Um vídeo de ficção que usasse, de pano de fundo, a história do Fábio ou uma história generica sobre um grower que é preso, autuado em flagrante como traficante, exposto na mídia como traficante e que, no fim das contas, ele é liberado como o simples usuário que é. A idéia é, através dessa história de fundo, explicar à população em geral, de maneira simples, prática e agradável, a atual lei de drogas 11.343, explicitando mesmo que usuário, quer plante maconha ou não, não é mais passível de pena, e que, apesar disso, muitos jornalistas, policiais, delegados e a população mesmo desconhecem esse avanço (mesmo que tímido) que a lei teve em 2006. Agora, mais importante ainda, é deixar bem claro também, no filme, através das falas dos personagens, que grower não é traficante e que, muito pelo contrário, planta justamente para não compactuar com o tráfico de drogas e com toda a violência gerada por ele. Seria bom deixar, também, um tom de questionamento a respeito das atitudes da polícia e da mídia, que muitas vezes ignoram a existência dessa nova lei, ou mesmo "ignoram" entre aspas, fingem não saber da lei pra ver se pegam algum usuário desprevenido pra poder praticar o famoso terror. Quero fazê-lo de uma maneira que deixe um questionamento, algo como: "Pra quê tudo isso, toda essa mobilização por um simples usuário de maconha?" Bom, minha idéia é essa. Nunca postei muito, mas acompanho o fórum desde 2006, se não me engano. Gostaria de saber o que vocês acham. Já elaborei o argumento do filme e gostaria de realizá-lo nesse tom, pró-descriminalização e pró-autocultivo, com argumentos que estejam de acordo com a linha seguida pelo fórum e/ou pelas entidades ativistas.
  21. agora pronto, todo ano é a mesma palhaçada... o cidadão pode falar de X e de Y, mas quando fala de Z o pau come. se o cidadão num pode falar abertamente sobre sua posição perante a sociedade, sobre sua opinião acerca de assuntos como a maconha, vai fazer o quê? depois os caras reclamam, querem que a gente se comporte, que faça tudo direitinho, mas se falar de maconha vai preso, né? e eles falam logo que "Se alguém fizer (manifestação), vai ser preso por apologia ao tráfico de drogas", pra botar logo um 12 nas tuas costas e tu ficar com medo de exercer tua liberdade de manifestação do pensamento. e onde é que tem alguma coisa a ver com trafico de drogas na Marcha, meu deus? se a Marcha, a respeito do tráfico, pensa justamente o contrário. se o movimento dos maconheiros quer é eliminar a bosta do tráfico... essa Justiça brasileira é uma palhaçada, viu. e o pior é que não é só a Justiça. meu pai , quando eu falo da Marcha da Maconha, a primeira coisa que ele diz é que tem traficante por trás. mesmo eu falando do plantio apenas pra autoconsumo e coisa e tal, ele ainda fica nessa. sinceramente....
  22. beatnik

    A Elite E Os Traficantes

    A elite e os traficantes Uma pesquisa afirma que são os jovens ricos os que mais usam drogas. Eles são culpados pela violência do tráfico? Nelito Fernandes, Rafael Pereira e Martha Mendonça Madrugada no morro. Um grupo de policiais ataca de surpresa uma boca de fumo e mata dois traficantes. O Capitão Nascimento pega um dos consumidores pelos cabelos e o obriga a pôr o rosto nos buracos de bala no peito do bandido morto. O rapaz, apavorado, diz que é estudante, na tentativa de se defender. – Quem matou ele? – pergunta o capitão, aos berros. – Não sei – responde o rapaz. – Não sabe? Quem matou ele? – Vocês, foram vocês! – Nós? Quem matou ele foi você! A gente vem aqui limpar a m* que você faz! Não é à toa que essa cena, do filme Tropa de Elite, é uma das que mais chocam os espectadores. Ela toca numa questão crucial do tráfico: a taxa de responsabilidade dos consumidores. Uma pesquisa divulgada na semana passada pela Fundação Getúlio Vargas aponta o dedo para uma parcela da elite. Maconha e cocaína no Brasil são bens de luxo, para a população com maior poder aquisitivo. De acordo com o levantamento, o consumidor-padrão de drogas no Brasil é homem, tem entre 20 e 29 anos, é da classe média alta e mora com os pais. Gasta, em média, R$ 45 por mês com drogas. “Estatisticamente, a visão de Tropa de Elite é correta: quem financia o tráfico é a classe média”, diz o economista Marcelo Neri, coordenador da pesquisa. Embora ilegal, o tráfico de drogas não infringe outro tipo de lei – a do mercado. Se não houvesse comprador, não haveria venda. O consumidor garante o comércio, mas não é ele quem produz a violência. Drogas são vendidas no mundo todo. Nas ruas de Berlim ou Lisboa traficantes oferecem suas mercadorias para moradores e turistas. Mas vender a droga não implica dominar comunidades inteiras, como os chefões fazem no Rio de Janeiro. “Chegamos a esta situação devido à ausência do Estado nas favelas e também à corrupção policial, que apreende as armas de um traficante e revende para o outro”, diz a socióloga Julita Lemgruber, diretora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, da Universidade Cândido Mendes. Culpar o consumidor está em desuso no Brasil. Pela legislação em vigor desde 2006, quem for apanhado consumindo será julgado num juizado especial, não mais criminal. A pena, que antes podia chegar a seis anos de prisão, agora é de prestação de serviços comunitários. O Brasil segue, assim, o pensamento predominante em vários países europeus, como Espanha, Portugal, Bélgica e Alemanha. Isso não quer dizer que estejamos no caminho certo. Tanto a leniência quanto a linha dura em relação aos consumidores têm resultados contraditórios no mundo. A Holanda liberou o uso de 5 gramas de maconha, que é vendida legalmente em cafés. O consumo de maconha dobrou, mas o de heroína e de outras drogas pesadas caiu. A Holanda tem uma legislação confusa: os coffee shops podem vender a droga, mas não podem comprá-la. “Isso é uma hipocrisia. Existe tráfico de drogas pesadas perto das lojas, então o problema não foi resolvido”, diz o secretário nacional Antidrogas, Paulo Roberto Uchôa. Dentro da lei Como o usuário de maconha é tratado em alguns países [1] BRASIL Desde 2006, o usuário é julgado por um juizado especial. A pena de prisão foi substituída por serviços comunitários [2] EUA Oito Estados permitem o uso medicinal. Todos vetam o consumo para fins “recreativos” [3] CANADÁ O uso medicinal é permitido desde 2001 [4] HOLANDA A venda, limitada a 5 gramas, é permitida desde 1976 em cafeterias (foto) [5] PORTUGAL O consumo é descriminalizado. Os usuários são encaminhados para tratamento [6] ALEMANHA, [7] BÉLGICA, [8] ESPANHA e[9] FINLÂNDIA O uso é descriminalizado e não implica condenação A Suécia foi pelo caminho inverso: levou para a cadeia vendedores e consumidores, e hoje o número de drogados do país é um terço menor que no restante da Europa. Os Estados Unidos também optaram pela linha dura, mas tiveram resultado oposto: 11% dos americanos admitem consumir maconha e haxixe – e o número cresce 2% ao ano. O total de presos por porte de drogas cresceu dez vezes em 30 anos. No Brasil, segundo uma pesquisa do Cebrid, 22,8% dos entrevistados declararam já ter usado alguma droga pelo menos uma vez na vida. Esse índice coloca o país na média da América Latina (no Chile é de 23%). Defendida por usuários e por uma corrente de especialistas, a liberação das drogas no Brasil exigiria um investimento em saúde pública que o país é incapaz de fazer. “Não existe hoje, no Rio de Janeiro, sequer cem leitos para atender dependentes químicos menores de idade. Não temos também nenhuma clínica, nem particular, com leitos específicos para menores dependentes de drogas”, diz Jorge Jabes, diretor da associação de psiquiatria do Rio de Janeiro e membro da associação americana de psiquiatria. Nos países que descriminalizaram a maconha, o aumento do gasto em saúde foi, pelo menos em parte, compensado pela redução na despesa em segurança pública. No Brasil, onde existe uma guerra permanente entre policiais s e traficantes, a economia tende a ser ainda maior. O Ministério da Justiça ainda não sabe qual o impacto da lei aprovada no ano passado nos tribunais brasileiros. E o que dizem os próprios consumidores? O carioca João, de 23 anos, começou a fumar maconha na adolescência com seu melhor amigo. Os dois entravam regularmente na favela e fizeram amizade com traficantes. A diversão perdeu a graça no dia em que, por uma dívida não paga, seu melhor amigo foi assassinado. “Como consumidor, eu me senti responsável pela morte dele. Nunca mais consegui fumar um baseado”, afirma. Além da favela Usuários são regularmente abastecidos sem precisar subir o morro O caminho das drogas 1. PRODUTOR Plantadores de coca, em países como Bolívia e Colômbia, e de maconha, na Região Nordeste do Brasil, são os principais fornecedores de drogas 2. MATUTO Quem faz a ponte entre o produtor e os pontos-de-venda 3. BOCAS DE FUMO Normalmente localizadas nas principais vias de acesso às favelas 4. AVIÃO Quem faz o transporte, normalmente mulheres e estudantes 5. VAPOR Quem vende a droga nas “bocas de fumo” 6. ESTICAS Locais de venda de drogas fora da favela, mas com permissão do chefe do tráfico. Faculdades, bares, boates, prédios e condomínios são os lugares onde as drogas circulam normalmente 7. AMIGOS Quem não quer correr riscos indo a uma boca de fumo ou até o “avião” do bairro, consegue facilmente com colegas Fonte: Estudo Droga da Elite, Fundação Getúlio Vargas Carlos, de 25 anos, comprava maconha de um traficante no prédio onde mora. Aos 18 anos, foi preso em flagrante, mas não ficou na cadeia. Por dois anos, foi obrigado a comparecer mensalmente ao fórum. Cumprido o prazo, tornou-se novamente réu primário. Continua fumando maconha, admite que a droga financia a violência, mas acredita que o usuário é a maior vítima desse processo. “Dizer que quem compra um baseadinho não financia o tráfico é acreditar que quem compra um comprimido de aspirina não sustenta a Bayer”, diz Paulo Heise, presidente da Associação Parceria Contra as Drogas. A entidade é responsável pela campanha publicitária que mostra o dinheiro do viciado financiando a compra de uma arma que mata uma criança. A engrenagem que sustenta o tráfico não se alimenta apenas do consumidor. Se os chefões têm tanto poder, em parte é pela falta de ação do Estado. O delegado Orlando Zaconne, autor do livro Acionista do Nada: Quem São os Traficantes de Drogas, afirma que 92% dos presos por tráfico estavam desarmados. “Só prendem os pés-de-chinelo. Pouco se avança nos esquemas de lavagem de dinheiro”, diz. Entre os que condenam o consumo de drogas e os que não se sentem culpados existe uma terceira via. Ela é ilegal, mas evita o problema de consciência de financiar o tráfico. São usuários que optaram por plantar a Cannabis sativa em casa. Um publicitário carioca, de 28 anos, diz cultivar a erva num banheiro de seu apartamento. Diz já ter tido dez pés da planta em casa. Apesar do risco de ser denunciado por um vizinho, ele acredita ter-se livrado da “carga negativa do tráfico”. Entre a plantação e a colheita, diz, o processo leva cerca de três meses. “Eu fumo pouco. Garanto maconha para meu consumo por até oito meses”, afirma. Financeiramente, o publicitário diz que a operação não é tão vantajosa quanto parece. Mas a droga obtida é mais pura, sem misturas. O cultivo é incentivado em pelo menos 50 comunidades do Orkut, onde é possível encomendar sementes. No meio do caminho entre traficantes e consumidores estão os pais. Mãe de um estudante de Desenho Industrial de 25 anos, Ana (ela prefere não ter o sobrenome divulgado) acha que a saída é a legalização. “Assim você vai saber quem fuma e com quem se compra a droga. No meu raciocínio, quem não apóia a legalização das drogas está, passivamente, dando apoio à violência urbana, aos tiroteios entre polícia e traficantes, aos grupos armados que dominam as favelas.” Para João Guilherme Estrella, que inspirou o livro Meu Nome não é Johnny, que conta sua história de garoto de classe média que se transformou no maior fornecedor de cocaína para a alta sociedade carioca, legalizar não vai resolver. “As drogas seriam vendidas em farmácias e dariam receita ao Estado. Mas os que ficariam sem essa renda acabariam por buscar outras formas de sobrevivência. As facções que dominam o tráfico de drogas funcionam como empresas. Elas vão precisar encontrar outra fonte de receita.” Provavelmente no crime. A pesquisa da FGV mostra que 64% dos usuários declarados, apesar de serem de classe média, são vizinhos de áreas dominadas pelo tráfico. “Esse é um dado para o qual os pais deveriam estar atentos”, diz Marcelo Neri. Embora a visão do Capitão Nascimento, de Tropa de Elite, seja limitada e simplista a ponto de pôr no usuário de drogas toda a culpa pela violência, colocou o assunto em pauta. Gerou pesquisas como a da FGV, feita depois que o presidente da entidade, Carlos Ivan Simonsen Leal, viu o filme. O debate é uma forma de buscar saídas para o problema. Como lembra Ana, a mãe de um consumidor, usuários de drogas sempre existirão. Quanto devem ser reprimidos, e quanto devem ser tratados, é uma decisão de cada sociedade. Em que momento o consumo de uma substância passa a ser considerado ilegal também depende da legislação de cada país. Durante a Lei Seca nos Estados Unidos, que proibia o comércio de bebidas alcoólicas, o poder da Máfia aumentou, assim como as mortes decorrentes das guerras de gângsteres. Para que o tráfico de drogas se torne crime organizado, não basta que haja consumidores. É preciso acrescentar a omissão do Estado, a corrupção policial e a impunidade. Esses fatores precisam ser resolvidos. Mas também não se pode ignorar o papel dos consumidores. Revista Época 29/10/2007 http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoc...78-6014,00.html
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