Olha, nunca postei aqui antes, mas acompanho o Growroom há um tempinho e o Observatório da Cannabis também - minha conta aqui no GR é de fevereiro de 2006, mais ou menos a época em que comecei a fumar maconha.
Não dei as caras por aqui antes porquê nunca tive algo realmente necessário a acrescentar, mas agora resolvi postar pra manifestar meu apoio à ida do Alma ao Jô (se é que ele topa). Acho, inclusive, que temos que nos organizar e fazer uma espécie de discurso, um "manifesto" unificado, que una todos os tipos de argumentos favoráveis à legalização/auto-cultivo (argumentos sociais, políticos, econômicos, etc.) de forma simples, objetiva e concisa, e que refute todo e qualquer argumento deles - e isso nós podemos fazer de olhos fechados. Principalmente agora que estamos entrando na grande mídia, a mídia dos poderosos, gos que têm a grana - meio de mansino, devagarinho, é verdade, mas esse é só o começo! -, então não dá pra ficar soltando argumentos quebrados, porquê senão ninguém ouve.
Depois temos que fazer, cada um, o que estiver ao nosso alcance pra divulgar os ideais do "manifesto". Ativismo mesmo! Temos que fazer disso um movimento social! Vamos mostrar a eles que a liberação/tolerância é a medida correta a se tomar. Como diria Zagallo, eles vão ter que nos engolir. A vitória é nossa, é só uma questão de tempo. Com os argumentos que nós temos, eles não têm praonde correr. Além do mais, a tendência mundial nos países não contaminados pela influência imperialista norte-americana é a liberação/tolerâcia do uso/descriminalização, e fico feliz em ver que estamos caminhando no encalço de alguns países europeus mais liberais, mais abertos e menos repressores, como a espanha e a holanda, e dando mais um grito de liberdade, mostrando mais uma vez que já deixamos de ser colônia a muito tempo. Isso só pode ser um bom sinal, um sinal de que o Brasil está indo pra frente. Aos trancos e barrancos, mas caminhando.
Acho, inclusive, pelas impressões que tive do assunto na mídia, em argumentos que se têm usado contra, e até mesmo conversando com algumas pessoas, que o termo "auto-cultivo" é mais aceito que o termo "legalização". Legalização parece ser um caminho mais complicado, mais difícil, mais cheio de pequenos obstáculos. Auto-cultivo parece ser mais simples. Claro que com o auto-cultivo vem a tolerância, mas mesmo assim, tolerância é bem diferente de "legalização". Não sei porquê, mas tenho a impressão de que o termo "legalização", pro cidadão padrão, passa a imagem de uma "babilônia", "todo mundo comprando maconha - e fumando - em todo canto a toda hora", enquanto o termo auto-cultivo passa uma imagem mais leve, do tipo "Tá, quer fumar, que plante na sua casa e não incomode ninguém" (é só uma impressão pessoal, talvez esteja errada...). Quem sabe, se fizermos tudo direitinho, até consigamos o direito de regulamentar mini cooperativas para consumo próprio...
A gente tem que ser esperto, saber calcular nossa fala, nossas palavras, fazer nosso marketing, fazer de um jeito que nao agrida tanto "a moral e os costumes", de um jeito politicamente correto, aos poucos, dando um passo de cada vez. E fazer tudo direitinho, sem deixar espaço pra nenhuma brecha que eles possam usar contra nós. Porquê, com certeza, eles farão de tudo para nos desmoralizar.
Os homossexuais se organizaram e conquistaram vários direitos. Nós temos que nos mostrar organizados e mostrar que, se somos minoria, não somos poucos não. Temos, também, que conseguir o apoio de gente que esteja constantemente ou eventualmente na mídia. Cantores, apresentadores, atores... E, mais uma vez batendo nessa tecla, tendo uma espécie de manifesto, ajuda a unificar nosso discurso. Fulano fala alguma coisa sobre a legalização. Beltrano fala outra, de passagem. Cicrano, mais outra... Não! Assim nossos argumentos ficam picotados e sem força!
Outra coisa, temos que aproveitar a chance e agarrá-la com unhas e dentes, pois não é todo dia que se tem espaço na grande mídia não, então temos que saber usá-lo direito. Temos que ocupar nosso espaço - e já começamos.
PS: Desculpem o post grande e inesperado, é só o desabafo de um cidadão maconheiro-brasileiro emocionado que decidiu tornar público o que pensa a respeito disso tudo que está acontecendo (sim, alguma coisa está acontecendo e, parafraseando Raul, dessa vez está dando no rádio e também nas bancas de jornais).
PS²: Desculpem, mais uma vez, se viajei um pouco em alguma coisa que falei, mas acho que temos que pensar grande mesmo, e divulgar nosso "manifesto" em todos os lugares: jornais, praças, ruas, no boca-a-boca, e até mesmo toda vez que tivermos a oportunidade de ter um microfone em mãos...
PS³: No texto uso sempre a expressão "nós", pois me considero parte desse movimento também. Mesmo calado, na sombra, acompanho tudo pela internet, procurando sempre me manter informado sobre essas coisas que pipocam todos os dias na mídia sobre a legalização e a maconha em geral (infelizmente, sou o único dos meus amigos maconheiros que acompanha essas coisas - acompanho quase que diariamente -, mas trato de sempre repassar a informação).
É UMA QUESTÃO DE TEMPO. PODE DEMORAR MUITO OU POUCO, DEPENDE DA GENTE!
