Novo secretário pede fim da prisão de pequenos traficantes
Eles correspondem a mais da metade dos 70.000 presos nos últimos 4 anos
O fim da prisão de pequenos traficantes que atuam no varejo apenas para sustentar o próprio vício. É o que defende o novo secretário Nacional de Políticas sobre Drogas, Pedro Abramovay, em entrevista ao jornal O Globo. Segundo ele, a atual lei apenas colabora para abarrotar os superlotados presídios brasileiros, já que os pequenos traficantes correspondem a mais da metade dos presos nos últimos quatro anos: de um total de 70.000 presos, eles são 40.000.
Abramovay sustenta que eles estão em uma situação intermediária entre o usuário e o traficante ligado ao crime organizado. Embora ressalte que o assunto deve ser discutido exaustivamente com a sociedade, o secretário vê com mais simpatia a experiência de Portugal que, há dez anos, liberou o consumo de pequenas quantidades de droga.
Sobre o avanço do crack, Abramovay aguarda o resultado de um diagnóstico feito pela Fundação Oswaldo Cruz e contratado pelo governo, que deve ficar pronto no mês que vem. “O crack, muitas vezes, é localizado em regiões, caso da Cracolândia, em São Paulo. Temos de fazer com que se direcionem as políticas para aquelas regiões”, adiantou.
Senad - Ex-secretário nacional de Justiça e de Assuntos Legislativos, o advogado de apenas 30 anos assumiu o comando da Senad, que o governo Dilma Rousseff levou do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência para o Ministério da Justiça. “A construção de uma política nacional de enfrentamento ao tráfico de drogas, e a vinda para o Ministério da Justiça facilita muito. Hoje, temos as polícias das 27 unidades da Federação trabalhando de modo pouco articulado”, disse.
Ele defende uma padronização do procedimento, o financiamento de novas tecnologias e a integração das informações. “A ideia que o ministro vai propor aos governadores é que a gente possa ter um Gabinete de Gestão Integrada para o combate ao tráfico de drogas, onde você vai ter as polícias Militar, Civil, Federal se reunindo periodicamente e estabelecendo estratégias com compartilhamento de informações”, pontuou.
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VEJA.COM