Fala galera,
Já postei isso aqui no notícias, mas vou postar de novo aqui.
Vou fazer um relato da minha experiência vivida hoje, 21 de Maio de 2011, na Marcha em SP.
Cheguei de onibus e decidi descer só depois do MASP pra sacar o movimento de dentro do buzão. Tinha mais policia na frente do trianon do que galera no MASP. Já gelou a barriga, parece que foi uma premonição do que ia rolar.
Depois apareceram aqueles neonazi. Passei na frente deles segurando meu cartaz, pacificamente. Argumentos fracos, facilmente derrubáveis.
Daí durante a marcha foi isso aí que vcs viram. Os gambés esperaram a galera sair do MASP e marchar pela Paulista no sentido Consolação, para depois atacar PELAS COSTAS com gás lacrimogênio. Começaram a trotar (porco trota?) fazendo a galera ter que marchar mais rápido. Famílias, crianças, pessoas que passavam pela rua, além dos manifestantes, sentiram o ardor do gás lacrimogênio. Eu mesmo tive que dar uma parada, e vi um maluco pegar aqueles tubos de ar verticais que costumam ficar em frente a loja de automóveis, e colocar no rosto o jato de ar pra aliviar o ardor. Peguei um pouco do ar pra aliviar meus olhos também.
De repente me vi ao lado da linha da tropa de choque que estava efetuando os disparos contra a multidão. Ficamos eu e mais duas pessoas gritando na orelha deles "não atira", "sem violência!" durante algum tempo. Fiquei com meu cartaz "Debater as leis não é crime, é democracia" na cara deles. Um dos gambés olhou pra mim e levantou a mão, de tonfa em punho, em sinal de intimidação. Apesar disso, ali era um lugar seguro pra ficar, pois eu não portava nenhum emblema da folha, nem camisa do bob marley, e estava cercado de fotógrafos e cinegrafistas.
Mas o trote dos porcos era intenso, e fomos ficando pra trás. Quando atingi a praça Rooselvelt, me deparei com um bloqueio feito por motocicletas. Perguntei pro policial se podia passar, ele me respondeu: "lógico que não, você não está vendo as motos?".
Depois cheguei na Praça D. J. Gaspar onde a galera se concentrou. Após a chegada de um grupo, a marcha foi em direção à DP da estados unidos com a augusta pra fazer pressão e soltar os irmãos que ainda estavam detidos. A decisão de ir para lá foi tomada exatamente as 4:20, motivo de alegria geral da massa. Aliás, vi MUITA galera queimando um, até uns bem verdinhos pelo odor, viu? Particularmente eu acho isso maior queima filme, dá razão pros apologistas. E posso garantir que não eram indivíduos infiltrados, era mulecada com camisa do bob.
No caminho para a DP, abandonei a marcha pois tinha marcado de encontrar minha mulher e minha filha ali perto. Imaginei que se ela visse as noticias ou ouvisse os tiros ficaria preocupada (perdi meu celular ontem). Virei meu rumo, deu uma olhada geral na galera andando. Joguei meu cartaz no lixo, e pensei se não estava jogando meus ideais no lixo também.
Então passei na frente da Praça Roosevelt (era caminho) e presenciei de novo a tropa de choque jogando bombas de gás em um pequeno grupo. Fiquei observando do outro lado da rua, no meio fio, e senti fala do meu cartaz.
Há uns 2 quarteirões dali encontrei um conhecido do bairro que não via há anos, maior coincidência. Quando falei da marcha, ele falou: "eu até fumo um, mas acho maior pagação essa marcha, não é porque eu bebo que vou sair bebendo na rua". Porra, se um maconheiro pensa assim, imagina o resto? Desanimei.
Gente, foi muito foda o que aconteceu. Estou chocado até agora, vendo os vídeos e contando pra minha mulher. Espero que essa barbárie rode pela sociedade e ajude a mudar essa porra. São Paulo é muito reacionária, meu deus. Tinha pouquíssima gente pro número de maconheiros que tem na cidade. Os manifestantes eram jovens em sua maioria. O dia em que advogados, atores, medicos, engenheiros, etc se juntarem a marcha o impacto será muito maior. Com todo o respeito, mas a maconheirada de SP em geral foi omissa. Parece que estão curtindo fumar prensado sujo de sangue - porém justiça seja feita para quem estava lá correndo e com os olhos e mucosas ardendo. Proibição, neonazis e violência policial aplaudida pela burguesia. Cito o Criolo: Não existe amor em SP. Falo porque sou daqui.
Grande abraço aos irmãos e irmãs que, mesmo com o governo tentando amordaçar foram lá dar o recado.
PAZ!