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Público Da Corrente Participou De Debate Sobre Uso De Drogas


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Público da Corrente participou de debate sobre uso de drogas

Por Guilherme Feijó | Para: CBN Foz
11/11/13
O Palco Ruínas teve uma pausa nas apresentações musicais deste sábado (09) e, no início da noite, abriu espaço para um bate-papo sobre drogas, com Tarso Araújo, editor da revista Galileu, autor do livro Almanaque das Drogas, o jornalista e blogueiro Zé Beto e o diretor do Departamento de Política Municipal Sobre Drogas da Prefeitura de Curitiba, Diogo Busse. Com a mediação do jornalista Álvaro Borba, o encontro contou com um público participativo, que levantou vários questionamentos e interagiu com os debatedores.

A proposta do debate foi conversar sobre drogas de maneira franca e direta, abordando vários aspectos e pontos de vista. Uma das discussões girou em torno do estigma existente quanto às drogas e a absoluta aceitação em relação ao álcool, que igualmente causa danos e serve como porta de entrada para o uso de outras substâncias. “O álcool é a droga mais perigosa e a mais culturalmente aceita”, disse Diogo Busse. Na sua opinião, não há políticas públicas inteligentes para lidar com esse assunto, como foi feito, por exemplo, com o cigarro.

O jornalista e blogueiro Roberto José da Silva, mais conhecido como Zé Beto, falou de sua experiência como ex-dependente e hoje voluntário em clínica de tratamento contra dependência química. Para Zé Beto, a dependência em qualquer tipo de droga pode ser uma doença e a falta de apoio dado aos dependentes decorre justamente da falta de informação. Segundo ele, uma política pública eficiente não deve proibir o uso. “A proibição só aumenta a curiosidade. O mais correto é informar sobre o que pode acontecer”.

Outro enfoque do debate foram as propostas de redução de danos. Busse falou sobre uma ação da Prefeitura de Curitiba, que dispõe de um ônibus equipado para prestar assistência a usuários que estão em situação de extrema vulnerabilidade. “Não vai resolver o problema, mas o fato desse usuário ter acesso ao atendimento mais básico certamente contribui para aumentar as suas chances de recuperação”, afirmou.

Tarso Araújo lembrou que as políticas de redução de danos em relação às drogas começaram na Europa, com a epidemia de Aids, nos anos de 1980. Segundo ele, o Brasil é hoje signatário dessa política, mas nada faz para colocá-la em prática. “O que se faz em São Paulo, no combate ao crack, é o avesso disso. A internação compulsória gera só desperdício de recursos, que em nada contribui para resolver o problema”. Tarso Araújo também defendeu a legalização do uso da maconha e citou o exemplo do Uruguai, que já decidiu nesse sentido. “Criminalizar causa muito mais danos”, afirmou.

O vereador de Curitiba Valdemir Soares, que participou dos momentos finais do debate, afirmou ser contrário à descriminalização de qualquer tipo de droga.

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Esse que vos fala se fez presente, assim como o pessoal que tá intimamente ligado à organização da última Marcha da Maconha de Curitiba, coletivos como o NoVerde (Novembro Verde) e etc.

Excelente evento, com debatedores de primeira linha e uma mediação perfeita do Álvaro Borba, jornalista do escalão da elite.

Todos, sem exceção favoráveis a uma revisão da atual política de enfrentamento das drogas, uns mais radicalmente do que outros, mas todos já conscientes do fracasso da política da guerra às drogas.

O primeiro da esquerda pra direita é o Zé Beto, blogueiro político aqui do PR, a mais de 20 anos sóbrio e limpo, mas que até pelos canos mandava pó pra dentro, alcoólatra, tende a enxergar tudo e qualquer coisa pelo viés do cara que tá na sarjeta, até foi questionado sobre isso por uma pessoa da plateia, fez a mea culpa dele, assumiu que pela história de vida dele ele acaba fazendo isso, mas que se alinha com posição de que é necessária e vital uma descriminalização/legalização/regulamentação das drogas.

Depois vem o mediador, jornalista, apresentador de rádio e administrador do perfil do Facebook da Cidade de Curitiba, Álvaro Borba, que tive o prazer de conhecer quando o Mr. Grower foi participar de um programa de debates no rádio que ele apresentava na época. O grandessíssimo Mr. Grower debateu na ocasião com ninguém mais que o Deputado Federal Fernando "Peguei o Abadia" Trafichini, Fez uma mediação do debate perfeita.

Em seguida, temos Tarso Araújo, que, falando de sua extensa pesquisa que realizou quando da feitura do seu Almanaque das Drogas, trouxe um apanhado mundial sobre as políticas inovadoras que estão em implementação. Com menção honrosa ao nosso irmão Uruguai.

E por fim, Diogo Busse, que está à frente da política sobre drogas de Curitiba, que hoje é de vanguarda, não sei se temos no Brasil uma cidade desse porte com uma política de drogas como a nossa. Para ilustrar como que ela está sendo gerida, deixo aqui um artigo de autoria dele e que foi publicado hoje no maior jornal do Paraná, a quase opus dei Gazeta do Povo:

http://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/conteudo.phtml?tl=1&id=1424907&tit=Alimentando-a-cultura-do-medo-e-do-terror

Alimentando a cultura do medo e do terror

Publicado em 13/11/2013 | Diogo Busse

"Dias atrás, fui chamado para ajudar a solucionar sérios problemas relacionados ao uso de drogas, em uma escola municipal da periferia de Curitiba.

Sentamos eu, a diretora da escola, a chefe do núcleo de Educação da regional da prefeitura, professores, um psicólogo da minha equipe e outros profissionais envolvidos no debate.

Dentre as principais questões levantadas pelos colegas, destacavam-se os relatos de ameaças de morte feitas por alunos aos professores, agressões, intoxicações, tráfico de drogas, evasão de alunos e problemas relacionados aos familiares.

O que nos diz o senso comum em uma situação como essa?

Qual foi a primeira reivindicação entoada unanimemente pelos admiráveis educadores, que atuam em situações críticas em uma das mais dignificantes profissões?

“Precisamos de mais policiamento”.

Respondi, de imediato, que não.

Precisamos, isso sim, aumentar a oferta de atividades culturais.

Precisamos ampliar as alternativas esportivas e profissionalizantes.

Precisamos oferecer acesso à internet, à leitura e ao lazer.

Como iremos esperar que jovens não usem drogas em uma comunidade onde não existe absolutamente mais nada a fazer?

Como iremos propor um diálogo em uma região onde não existe outro ponto de encontro a não ser o bar da esquina?

Passamos, então, a pensar em um plano conjunto que pudesse melhorar o quadro daquela microrrealidade social.

Afirmei que, sozinha, a prefeitura não resolveria o problema e que seria preciso mobilizar toda a comunidade em torno da escola.

Seria preciso convocar a associação de moradores, o Conselho de Segurança, o Conselho Tutelar, os proprietários de bares e comerciantes da região, a Polícia Militar, a Guarda Municipal e os organismos públicos envolvidos para, juntos, desenvolvermos um plano de ação para a escola municipal.

Antes dessa reunião, procurei conhecer um pouco mais profundamente a realidade que procurávamos modificar, e foi aí que eu me surpreendi.

Nesta comunidade escolar, que envolve aproximadamente 2 mil alunos, apenas 10% apresentavam problemas relacionados ao uso de drogas.

A grande maioria não se envolvia com o tráfico, tampouco com o uso de drogas.

Encontrei ali jovens que haviam sido premiados em competições de Ciências e Matemática!

Professores afirmaram que na sala de troféus não havia mais espaço para armazenar as premiações e, no entanto, nunca tiveram a oportunidade de realizar uma solenidade para condecorar os talentosos jovens que se destacavam, porque estavam, na maior parte do tempo, registrando as ocorrências na delegacia, preocupados com os 10% de alunos problemáticos.

Resolvi escrever sobre essa recente experiência concreta porque ela ilustra muito bem o que acontece hoje na sociedade como um todo.

Primeiramente, reproduzimos uma cultura de que os problemas associados ao uso de drogas serão resolvidos com policiamento, com repressão.

Depois, alimentamos uma cultura do medo e do terror, que oprime e ofusca os cidadãos, disseminando notícias de tragédias, assassinatos, prisões e desgraças alheias.

Qual o sentido de continuarmos publicando apreensões de toneladas de drogas e prisões de megatraficantes?

Estaremos no caminho do bem quando o jornal mais lido e o noticiário mais popular forem aqueles que veicularem notícias positivas, bons exemplos que certamente existem aos montes, e os conhecidos periódicos de horrores forem fadados ao anonimato por falta de audiência."

Diogo Busse, advogado e mestre em Direito das Relações Sociais pela UFPR, é diretor de política sobre drogas da Prefeitura de Curitiba e presidente do Conselho Municipal de Políticas Sobre Drogas (Comped).

Melhor que o evento em si, foi a oportunidade de conversar com todos os debatedores, o vereador Pastor que é citado ao final da matéria trazida lá acima não era convidado para o evento, mas deu uma carteirada, e se fez ouvir, só falou merda e foi vaiado intensamente.

Pude conhecer o Tarso, infelizmente não estava preparado ($) para adquirir seu Almanaque a preço de custo, mas conversei longamente com ele. Inclusive, growers e usuários medicinais de cannabis de Curitiba e região, querendo, entrem em contato comigo via MP, o Tarso gostaria de ouvi-los.

Parabenizo o Diogo Busse por mais esse evento. O primeiro desse porte organizado pela Prefeitura. Lembro que a dois anos atrás tivemos que fazer uma audiência com o juiz titular da Vara de Inquéritos Policiais de Curitiba para tentar realizar a Marcha da Maconha, e hoje temos a Prefeitura escancarando as portas para o diálogo e debate.

Em uma palavra, ORGULHO.

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Corrente Cultural promove debate sobre o uso de drogas - http://www.jornalcomunicacao.ufpr.br/materia-20176.html
Em uma conversa aberta, a Roda de Conversa sobre Drogas contou com a participação de vários especialistas e do público
Destaque, Política | Publicada em 13/11/13 às 10:52

Reportagem Vinícius Carvalho
Edição Thiago Lavado

Em meio às apresentações artísticas, as Ruínas do São Francisco foram palco também para um debate sobre drogas que contou com a presença dos jornalistas Zé Beto e Tarso Araújo, editor da Revista Galileu e autor do Almanaque das Drogas, e de Diogo Busse, diretor do Departamento de Política Municipal Sobre Drogas da Secretaria Municipal de Defesa Social. Com mediação do jornalista Álvaro Borba, o público da Corrente Cultural também participou da conversa, criando assim um diálogo aberto em meio ao evento.

Diante de um assunto polêmico e ainda pouco discutido, uma das principais questões levantadas foi o contraste entre as políticas para drogas ilícitas em comparação com as do álcool. “Acabar com essa hipocrisia faz parte de uma conversa razoável. É tudo droga”, enfatizou Tarso Araújo, explicando que o álcool está no centro das causas de câncer ou doenças mentais, por exemplo. Segundo Busse, cerca de metade dos casos de violência doméstica e do trânsito em Curitiba são em decorrência do álcool.

Álvaro Borba falou sobre as mudanças em relação ao tema, como a oportunidade recente de “falar na praça” sobre a legalização, por exemplo, e que isso é muito representativo. Tarso explicita a dificuldade em encontrar dados relevantes no Brasil. “A ONU calcula que 2,5% da população mundial consome drogas, e que desses, 5% se tornem dependentes.”, aponta, afirmando que só o fato de não termos essas informações já reflete a falta de esclarecimento que cerca o tema.

O jornalista Zé Beto, que é voluntário em clínicas de recuperação e fez relatos da própria história, enfatizou a importância de entender o porquê das pessoas consumirem drogas, e buscar esclarecimento quanto aos motivos que levam o usuário a adoecer. “A maioria tem alguém na família com um ‘problema’ de crack ou álcool, e então repele esse problema”, disse.

No sentido comportamental, Tarso questionou o motivo das pessoas usarem tanta droga nesse momento em que vivemos. O debate buscou uma reflexão quanto ao contexto em que as drogas estão, em aspectos sociais e mesmo culturais. “Com o tabaco, há dez anos, houve prevenção comunitária, campanhas de educação, essa mudança é também cultural. É inestimável pensar isso para o álcool”, lembrou Busse.

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Diogo Busse na conversa sobre drogas, durante a Corrente Cultural (Foto: Vinícius Carvalho)

Com a participação do público, falou-se de políticas de redução de dano. Sandra Batista, da Rede Latino americana de Redução de Danos, defendeu que a questão das drogas fosse tratada não numa visão militarista, mas de direitos humanos, e questionou o conceito de “dependente químico”. Diogo explicou que se usa o conceito biosociopsicoespiritual para dar conta da complexidade dos aspectos.

Tarso colocou em perspectiva ações como a descriminalização da maconha no Uruguai. “Criminalizar causa mais danos que o uso. A ‘guerra’ tem levado a uma situação absurda: o combate às drogas mata mais que as drogas em si”. No México, calcula-se que até o momento o combate contra o narcotráfico tenha deixado um saldo de 60 mil mortos. “Essa política tem que ser revista”, enfatizou.

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