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Na boa, achei muito fraquinho... Vi sensacionalismo que mal deu pra encarar de frente os dados que essa repórterzinha amadora apresenta. Haja capacidade de abstração, pra valer a pena. Joga fora entrevistas que podiam ser massa querendo buscar respostas prontas, e a edição é uma vergonha. Bom, minha opinião... assistam o filme heehehehhehheh
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Massa mesmo. Ele já havia feito essa associação em outro artigo, colocando uma frase logo após a outra: depois do álcool, diminuiram-se casos de violência. Aumentou o número de Tc's por uso de maconha. Não comenta nada em cima. Dessa vez ele foi um pouco mais longe e abordou o assunto. Se não houvesse marcha, ele não teria se sentido à vontade pra escrever. É por isso que temos que ir pras ruas. Agora, a segunda parte do artigo têm coisas bem difíceis de engolir. É o mesmo papo, justamente, de quem defende a proibição da maconha. Drogas pesadas uma ova, de cocaína fumada não tem nada, Crack é uma entidade que pode reunir tudo que é porcaria que eles colocam e dizem que é Crack, isso é culpa da proibição, da hipocrisia de achar que botar terror nas pessoas vai acabar com o uso. O pior é quando a gente vê que essas idéias são facilmente abraçadas pela galera que é contra a proibição da maconha. A maior incoerência de um movimento pacífico, desejar a guerra para os outros... Como é que o Wianey entra nessa contradição? Esse papo então de que o crack libera instintos de matar, pura PIADA. Papo de quem só conhece as ruas através dos jornais. Se rola nêgo matando sob efeito, é na mesma medida que o álcool (claro, uma é estimulante e a outra depresssora), mas digo: a violência já tá na cabeça da pessoa antes, não tem essa. E aí bota o terror em cima, condenam a pessoa (que muitas vezes tá fudida mesmo ou na rua) e querem que ela aja como? Tipo um carneirinho? Porra... Como trabalhador da saúde mental, eu digo que prefiro mil vezes quem tá na rua e é "desaforado" e enfrenta a todos, porque esse pelo menos tá com a cabeça funcionando, assume o direito à indignação. Carneirinho tá a um caminho de se afundar de verdade, e aí vestem a carapuça, "sou drogado", "se eu morrer é um favor que me fazem", vão pra cima mesmo, a galera que rouba por pedra na maioria faz coisas sem planejar, se expõem ao risco, é um lance totalmente amador de quem tá com a cabeça virada... Aí ninguém quer nem saber, manda a polícia pra cima. Ela que vai resolver? Complicado desse jeito, mais fácil que isso tudo continue. É a real do Brasil hoje... Aí o texto pode ficar bom, mas só se a gente interpretar que o cara tá mandando as autoridades trabalharem de verdade, com inteligência, indo direto ao assunto ao invés de ficar gastando balas de fuzil e metralhadora nas favelas... E aí os fabricantes de armas serão os primeiros a mexer os pauzinhos contra toda e qualquer política de segurança que realmente funcione.
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Marcha De Porto Alegre Pode Ser Permitida Pelo Mp
topic respondeu ao leprechaunz de leprechaunz em Notícias
Galera, aqui em poa a marcha só ocorreu bem e tranquilamente porque conseguimos habeas corpus, senão ia ser isso mesmo, tava liberado lutar pela legalização, mas qualquer cartaz verde com folhinha desenhada seria ordem de prisão por "incitação ao uso indevido" Quem não se envolve em organizar as marchas nas suas cidades poderia pensar um pouco mais sobre a relação nefasta que existe entre oligopólios da mídia e os comandos de policiamento. Aqui no RS não é oligopólio, é monopólio mesmo, o mesmo que em SC aliás, é a Rede Brasil Sul de comunicação, ou pros mais chegados, o Partido RBS. A gente enviou ofício pras autoridades e eu tava lá na reunião com o Comando de Policiamento. Não sobraram idéias da parte deles, inclusive de um Major que eu já conhecia (um cara legal até, presidente do Conselho Estadual de Entorpecentes) e que tentou ficar botando isso e aquilo no meio, fazendo desistir da marcha. Respondemos a tudo e defendemos a necessidade da marcha pelo fato de a política de drogas ser uma política pública, e que o preconceito e a hipocrisia hoje impedem que mais pessoas diretamente interessadas (como os próprios usuários) participassem dela. Muito bem, o que aconteceu? O que aconteceu é que o Partido RBS já havia notificado o Comando a respeito, vi com meus próprios olhos o documento enviado pro comandante, e ele disse isso mesmo, que já havia sido comunicado, que era "pauta de crime" e simplesmente ignorando toda a nossa conversa, disse que apologia seria respondida com prisão, e que pra ele ali toda a marcha era apologia. No dia da marcha conversamos com os integrantes do 9º Batalhão, que ja tinham ficado sabendo do Habeas corpus que nos permitia levar cartazes com a folha e logotipos da marcha, e explicando bem direitinho que apologia só existe numa Marcha quando a organização louva ou elogia explicitamente alguém que já estivesse usando (e isso nunca aconteceria), e eu digo pra vocês aqui que deu pra ver o quanto os comandantes do batalhão haviam gostado desta decisão, é a real, eles recebem ordens, e são obrigados a cumprir com uma lei estúpida e esquizofrênica, pressionados pela "sociedade", que nunca têm voz, na verdade "a sociedade" é só a imagem que a mídia faz da sociedade. Estamos aí fizemos a Marcha acontecer e fincamos nossa bandeira, de forma pacífica, ano que vem tem mais e temos que nos preparar porque nossos adversários não são a corporação ou a brigada militar, são os corruptos que respondem à máfia, essa imprensa anti-ética que congrega todos os interesses que nos querem ver ainda criminalizados. -
Bom, na real nem faço idéia... Mas peraí, "2010 é nóis" - tu é de PoA? :fuma: Pra sacar, essa historia do segundo vídeo aí é pura ironia, nunca a gente iria colocar isso no cronograma se não fosse pra tirar onda com a situação... Porra, o circo todo armado, podíamos ali retroceder muito, tensão batendo - e aí um habeas entra em campo e desempata com um golaço, aos 50 min do 2º tempo! :bong: A marcha poderia ter sido toda ela só com essa história de "não pode" que ninguém teria nada o que fazer, heheheh... Mas pensamos em conjunto que o melhor seria construir aos poucos, deixar marcada a impressão de um evento pacífico democrático etc. Cada caso é um caso mesmo, e além disso podemos estar errados sim, nos arrependemos de várias na caminhada, erramos pra caralho e críticas são bem vindas... Enfim, a gente tá muito feliz com tudo que aconteceu, com todas as forças negativas que silenciamos (parte delas bem mafiosas), mas diante delas todas ainda parecemos quase um blefe. Agora é não descansar, pq os sacanas não vão engolir de graça essa Marcha, vão cada vez investir mais pesado contra nós... Imagino que no Recife e no Rio que são as mais sustentadas, deve ser o mesmo trampo... Mas não levo pro lado pessoal não, até porque mal apareço no video! :hahaha: Vâmo que vâmo, "comendo pelas beiradas" como se diz por aqui... Saudações ativistas
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Pois é cabelo, logo se vê que vc não acompanhou nada do processo de PoA... Quem participou, ou se esforça minimamente pra entender, pode olhar pros vídeos, pesquisar um pouco e sacar a importância. Se fosse só questão de "gosto", aí seria outro papo, a começar pela previsão do tempo, mas a marcha é muito mais do que um evento Então... Isso só pôde acontecer porque conquistamos uma jurisprudência em 2008 de forma estratégica, que de outra forma jamais iria sair. Em 2009 fizemos o diabo pra defender e manter tudo isso. Ano que vem são ainda maiores as responsabilidades. E os dois vídeos mostram pontos de uma mesma caminhada, de um coletivo que tem seus altos e baixos mas que sempre continuou firme, em um estado em que louvar a ditadura é quase um senso-comum. Agora, na boa: com tanto maconheiro(A) falando merda por aí, e tanto grower que só pq se sustenta tá cagando e andando pra tudo (pelo avatar penso não ser seu caso), aí vc vem chamar a luta dos outros de ridícula, sem saber de nada, cara? Faça sua critica mas mantém o respeito... aliás, nesse caso uma argumentaçãozinha também não seria nada mal, pra de fato contribuir com o processo, acredito que tenha sido a intenção Mtas cidades maiores e mais importantes que PoA por aí, inclusive muitas delas com bons ativistas, se fudendo pra garantir uma jurisprudência ainda, e tenho que "ouvir" essa... Se continuar nesse ritmo aqui, 2010 vai ser maior... Agora, com certeza, se a gente aqui ligasse pro que muita gente acha ridículo, não teriamos conquistado é nada
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Abead Divulga Carta Afirmando Que Marcha Faz Apologia
topic respondeu ao leprechaunz de leprechaunz em Notícias
O pior de tudo é saber que às vezes esses caras acreditam na ciência praticada pela ABEAD, só porque ela tem o nome que tem. Tipo, ele não iria arriscar a credibilidade nisso só pra complicar com a Marcha né? É como se a proibição e a repressão fossem coisas óbvias, e qualquer outra idéia fosse estúpida. Marcha da Maconha então, deve ser quase uma coisa alienígena na cabeça dessa gente. Agora já são quinze comentários no blog. Considerando que a maioria dos posts lá nem tem comentário (quando tem são dois ou três), ele deve tá filosofando seriamente sobre o assunto. EDIT - não lembro. -
Helicóptero-robô Ajuda Polícia A Descobrir Plantações De Maconha Na Holanda
topic respondeu ao Towelie de leprechaunz em Notícias
Olha, se fosse pra "impressionar" EUA e seus cachorrinhos, acho que seria mais fácil eles cuidarem da Saúde, afinal é uma coisa que só na legalidade se pode fazer decentemente, informação de qualidade, etc... Agora, não se ter o direito de plantar, isso não é liberdade, é uma realidade "menos pior" na minha opinião. Tipo, o que é que tu prefere: regime semi-aberto ou solitária? Nenhum dos dois; eu prefiro o meu direito e ir e vir a me contentar com um semi-aberto Olha mais um na Marcha de PoA! :'> -
A matéria tá bem acima do nível normal deles. Mas é como disse um amigo nosso: eles condenam a marcha em manchetes e absolvem em notas de rodapé. Vale ler os comentários, muito hilários... Tem até gente oferecendo botar todo mundo num navio e mandar para a Holanda. Eu tô dentro! :bong:
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Abead Divulga Carta Afirmando Que Marcha Faz Apologia
um tópico no fórum postou leprechaunz Notícias
A ABEAD, grupo de pesquisadores desinformados, criticou a marcha como apologia. E um jornalistazinho não muito brilhante, de Porto Alegre, só soube copiar e colar a nota oficial. Fonte: http://www.clicrbs.com.br/blog/jsp/default...&siteId=552 Ps.: Tem espaços para comentários! -
Ei dogo420! Chegou a ler o que eu escrevi? Troca esse colírio, rapá! :'> Abraço
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Também acho que não mudar de nome é questão estratégica... Penso que se não é possível ir às ruas só porque tem o nome de Marcha da Maconha, então não é possível fazer mais nada.
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Muito bom, é isso aí mesmo. Temos mais é que botar na parede essa gente! Se aproveitam da desinformação geral, pra pagar uma imagem de "benfeitores"... Telefonei pra lá já me colocando enquanto pesquisador no assunto. Disse que tinha visto uma notícia, de uma agência de São Paulo (não consegui achar a fonte pra passar pra atendente). Depois de esclarecer por A + B que o método da pesquisa, tal como divulgado, era inconsequente e ultrapassado, a atendente viu minha insistência e me ligou com a coordenadora de plantão. A tal "coordenadora de plantão" não me deixava falar. Tentou primeiro vomitar os títulos dela, toda hora dizia que era um trabalho "sério", vinculado à universidade e não sei o quê. Aquilo né? Vomitando títulos. Pesquisadores de gabinete sempre acham que diploma é argumento, ou no limite, um tipo de "carteiraço". Fiz questão de dizer que eu também pesquisava o assunto e trabalhava na área da Saúde (o que é verdade), pra ela poder subir o nível da argumentação. Num mundo ideal isso não deveria ser necessário, né? Bom, o papo foi meio assim: (...) - Nosso serviço tem uma relevância, inclusive já encaminhamos pessoas a parar com o uso de drogas. - Hum... Mas peraí. Vocês conhecem a política oficial do Ministério da Saúde pra trabalhar uso de álcool e outras drogas? Porque lá dizia que serviço algum pode pensar em impôr abstinência como meta de trabalho. Que a meta de trabalho é, justamente, acolher, ou seja, ajudar a pessoa naquilo que ela deseja. E aí, se a pessoa não quer parar? Vocês não atendem? - Ah, nesse caso a gente encaminha né.... para outros serviços. - Mas isso tá errado. Vocês deviam responder à política oficial do Ministério da Saúde. - A gente aqui não é ligado ao Ministério. A gente tem ligação com o Conad, que é o conselho de... - Sim, e o Conad por sua vez, tem ligação com o Ministério da Saúde. Bom, mas enfim. O que eu tô querendo saber na verdade é qual foi a metodologia usada aí, nessa pesquisa, que diz que maconha é porta de entrada pra outras drogas. - Bom. Então... Em primeiro lugar, gostaria de te esclarecer que o nosso trabalho é sério, que tem um grande respaldo e cuidado envolvido. E que, na verdade, dentro da literatura do tema, existem muitas pesquisas, inclusive na Europa e em outros países... - Sim, eu conheço elas. - E essas pesquisas.... - São pesquisas ultrapassadas. - ...? - Olha, é assim: se a gente quer pesquisar uso de maconha, e falar alguma coisa sobre maconha, temos que entrevistar maconheiros. Aqui tá dizendo que vocês entrevistaram pessoal que usa crack e cocaína, e perguntaram sobre uso de maconha. Isso não é lógico, entendeu? Na Europa, falam que é porta de entrada pra heroína, e tal... - Entendo. Mas, a gente tem um trabalho sério aqui... E, de acordo com nossos questionários, que aplicamos baseados em pesquisas sérias, e comprovadas.. A gente pergunta pra pessoa: há quanto tempo vocês usam crack? Elas dizem: dois anos. E depois: usam outras drogas? Há quanto tempo? E, de acordo com os nossos dados, que são muito sérios, no nosso trabalho aqui, muitos deles atestam que usam maconha há muitos anos, antes do uso das drogas pesadas. - Tá. E aí? Qual é a relação de causalidade entre uma coisa e outra? - Desculpe, eu não entendi a tua pergunta. - Qual a relação entre fumar maconha e fumar pedra? Digo, uma coisa é pesquisar pessoas que usam maconha, e ver se isso vai se tornar um uso de crack. Outra bem diferente é o que vocês fizeram. - Eu não tô vendo essa notícia aí.. podem ter divulgado errado também. - Sim, podem ter divulgado errado. Mas eu tô vendo ela aqui na minha frente e, na verdade, quem fala isso é a pesquisadora.. deixa eu ver o nome dela: Helena Barros. Diz aqui que ela é coordenadora do Viva Voz. Ela deve ser a tua chefe, né? - Sim... Olha, em que lugar tá essa notícia aí? Eu não tô conseguindo achar. - É só digitar no google: porta de entrada, viva voz, maconha... É uma agência de São Paulo. - Eu queria ver, porque já ligaram pra cá falando sobre isso, bastante gente tá ligando agora. - Ah, eu vi. Tinha um pessoal comentando a notícia mesmo, falando que iriam ligar, porque acharam um absurdo. - Mais alguma coisa que eu posso ajudar? - Não, só queria falar isso mesmo, que enquanto pessoa, nem mesmo enquanto pesquisador ou trabalhador da Saúde, mas enquanto pessoa mesmo, acho que isso é uma pesquisa irresponsável, desatualizada, e que vocês deveriam rever esses métodos aí. Inclusive eu tive oportunidade de conhecer as pessoas que vieram a Porto Alegre pra ajudar a fazer a capacitação do serviço, e eu posso garantir que elas falaram sobre Redução de Danos também. O serviço tem suas limitações, mas com certeza, que eu saiba não era pra impôr abstinência pra ninguém. - Mas a gente não impõe abstinência, na verdade as pessoas ligam pra cá... Inclusive mães... - Tudo bem, acredito que sim mesmo. - Muitas vezes pessoas desesperadas... - Com certeza! Algumas pessoas se dão mal com drogas, né? - Sim, e... - Mas outras não. E pra estas, vocês deveriam saber abordar também. E se eu tiver uma dúvida, sobre como usar uma droga, vocês vão fazer o que? Repassar a quem? Sabe? Desse jeito que vocês pesquisam, tô vendo que não sabem é de nada, pra quê tá adiantando um serviço desses? O objetivo é passar informação, e vocês tão desinformados... Mas enfim, era só isso que eu queria dizer. - Posso fazer algumas perguntas pra você? - Sim... (nome, idade, ocupação, renda média mensal na família). :'> :: :'> ::
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Pô galera, que massa que vcs curtiram a idéia! Foi mal o atraso, tava fora do ar por muito tempo. Rolou até contribuição da FolhadeSaoPaulo! Se alguém quiser, vamos dividir os capítulos! Então... vou passar aqui o que eu já tenho, logo após a parte postada em colaboração aí... Parte 1: Saúde Física. Saúde Mental. Pânico Moral. Crimes futuros contra terceiros. Aberração. 1. Saúde Física Este capítulo lida com os argumentos que falam dos danos que as drogas ilegais causam ao corpo - argumentos para que pessoas que usam drogas sejam colocadas na prisão ou em instituições de saúde mental, pois muitos dizem que isto salvará a sua saúde. Como justificativa, dizem que drogas causam mal à saúde, que elas matam - como se a cadeia fosse melhor ou deixasse você viver por mais tempo. Bem, vamos tomar como exemplo a droga mais forte possível: heroína (para onde, de acordo com a mídia, todas as drogas "leves" acabam levando). Eu nunca experimentei heroína, e me sentiria mal se alguém muito próximo acabasse tendo uma dependência por heroína, mas definitivamente, eu não "proibiria" a heroína. Os repressores e normatizadores em geral dizem que quando você começar a experimentar heroína, você já era. Dizem, também, que pessoas morrem de heroína. Estas idéias são absurdas! Pessoas nunca morrem só por causa da heroína. Na verdade, sabemos que nos lugares nos quais já existe uma tradição na cultura do ópio e manufatura da heroína, como no Afeganistão ou no Paquistão, existem pessoas já velhas, de 80 anos ou mais, que têm usado heroína desde quando tinham 10, e ainda estão vivas e tudo. Ou vivas e resmungando de tudo; enfim. As pessoas que injetam heroína em suas veias e que como resultado direto desta prática acabam morrendo, inclusive quando jovens, morrem geralmente devido a três razões: a) overdose; b] heroína adulterada; c) doenças de uma seringa contaminada. Quando alguém morre por uma overdose de heroína, isto acontece porque o consumidor de heroína nunca pode saber ao certo a concentração de heroína dentro daquele pó que ele compra do vendedor de drogas. Vamos supor que Jimmy esteja habituado a uma dose com 15% de heroína, mais 85% de alguma porcaria adicional que foi misturada . Se em algum dia, alguém vender a Jimmy uma mistura com 30% de heroína, ao invés de 15%, significa que, para não morrer, ele deveria tomar a metade do que normalmente toma (que é, no caso, a dose prevista para 15%), do contrário, ele sofre overdose, ou seja, uma dose de heroína para a qual seu organismo não estava preparado. Jimmy não planejava morrer de overdose, assim como praticamente todas as outras pessoas que morreram de overdose, em geral. Mas Jimmy não sabe o que compra, porque heroína é ilegal, e não há nada parecido com um controle de qualidade. Na verdade, ele morre porque a heroína é ilegal. Se a heroína fosse legal, adquirida em algum estabelecimento local, com estrito controle de qualidade desta droga, ele não teria morrido. Se você acha um absurdo o que estou falando, espere um pouco. Responda-me: o que é que os grandes agitadores da campanha do “diga não às drogas” fizeram para conter esta morte? Nada, e talvez nem poderiam. Afinal, muitos desses cretinos são até capazes de considerar as mortes por overdose como algum tipo de punição moral. E sim, por incrível que pareça, estas mesmas pessoas que vibram diante da notícia de jornal são as que dizem querer salvar nossa saúde; são as que dizem estar preocupadas com as nossas vidas! Vamos à parte da heroína adulterada. Quando alguém morre logo após injetar heroína misturada com veneno para ratos, o que aparece na notícia não é "cidadão morre em caso de envenenamento", mas sim "viciado morre após injetar heroína". Se alguém morresse logo após beber vinho com veneno para ratos, este alguém seria tratado como uma vítima de envenenamento e as pessoas não ficariam condenando "o vinho" por isso, ou todas as safras de vinhos que algum dia já existiram. Quando Jimmy morre depois de usar heroína com veneno de rato, ele morre porque a heroína é ilegal, porque os meios não são legais, não são abertos, não são regulamentados, e dessa forma aí a pessoa que usa drogas não tem proteção alguma. Não estou dizendo que deveríamos vender heroína! Só estou dizendo que ele não teria morrido se a heroína fosse legal. E é claro que podemos dizer o mesmo para os casos de seringas infectadas, para os quais tudo o que é preciso são seringas limpas, e não campanhas estúpidas contra a heroína. É como se simplesmente realizar esses eventozinhos anti-drogas, com artistas abusadores de drogas (hipócritas), amparados por farta cocaína e por viciados em whisky, fosse mais eficiente para reduzir o índice de mortes relacionadas à heroína do que ter seringas limpas e uma heroína de qualidade. No assunto de políticas de drogas, a hipocrisia está vencendo o óbvio. Só um primata pode acreditar nisso. Só um hipócrita diabólico pode dizer que acredita nisso. Confuso (a)? Vista aí o seu chapéu. Mas é claro que não é só a heroína que mata. De acordo com a mídia (e a propaganda da guerra às drogas), todas as drogas matam e corrompem o corpo. Vamos ver, por exemplo, a maconha (minha droga preferida): dizem que ela consome o seu pulmão, ela causa impotência, ela te transforma em um esquizofrênico. Eu até poderia simplesmente dizer que os argumentos em que essas "pesquisas científicas" se baseiam são parciais e inconclusivos, assim como aquelas que ligam loucura, suicídio e crime com masturbação, rock n' roll e histórias em quadrinhos. Eu poderia dizer inclusive que, se o Estado precisar um dia que os cientistas comprovem que Judeus são uma raça de mutantes ameaçadores, ou que os críticos do governo possuem patologias mentais graves, haverá uma forte tendência para que os cientistas provem exatamente essas coisas. Eu poderia dizer, também, por maior que seja o clichê disso, que as substâncias legais são tão danosas quanto as ilegais, e às vezes até mais. Mas eu acho que esses argumentos aí são todos uma grande perda de tempo. Acho, também, que o próprio tempo poderá provar tudo isso que estou dizendo. Estes exercícios lógicos não têm muito potencial, porque meus oponentes já não fazem mesmo uso de qualquer lógica válida. Eles se baseiam em outras coisas, como suas moralidades – e algumas outras coisas que tentarei examinar aqui mais adiante. Mas enfim, o que tento expor aqui é: não existe substância no universo, que não poderá matar você, se você não usá-la cuidadosamente, sem seguir a informação correta a respeito. Se você quebra um braço ou, sei lá, arrebenta alguma coisa fazendo exercícios em uma academia, é porque você não foi cuidadoso ou suficientemente informado, e não porque exercícios em academia são coisas danosas - e o mesmo vale para qualquer outra prática, incluindo sentar-se em uma cadeira ou tomar um ducha, ou para qualquer substância conhecida, incluindo-se água, oxigênio e tomates: use essas coisas incorretamente e você morrerá. Pra terminar com essa parte: minha saúde é minha saúde. Se eu assim desejar, corto fora meus testículos e uso eles no pescoço, pendurados por um fio . Esta poderia ser uma escolha minha, sim, e ninguém poderá escolher além de eu mesmo. Diante disso, se o governo pensa que pode impor à força aquilo que ele considera ser a “saúde perfeita”, ele só pode estar com outros interesses em jogo, que são interesses morais. A questão é que o Estado não só pode pensar assim, como de fato pensa assim. Agora examinaremos outras idéias que estão por trás desta força (ou seria farsa?) 2. Saúde Mental A O argumento nº2 para me colocar em um sanatório diz que eu não estaria mais no mundo real. Que as drogas que eu uso distorcem a realidade, embaraçam os sentidos; que eu estou tentando escapar para o fantasiado mundo das alucinações ilusórias. Então, essa realidade oficial aí não é uma ilusão? Ela é "real"? Tenho minhas dúvidas. Vou soar clichê de novo: pense numa geração inteira acreditando em anjos, e eles enxergarão anjos; pense numa geração acreditando em OVNI's, e eles verão OVNI's no céu. Mas os bandos de tristes primatas parecem ter essa mania, de achar que devem sempre demonstrar “firmeza” quando se deparam com o que deve ou não ser visto, com o que deve ou não ser pensado; quando a sociedade dita coisas como, por exemplo, com que tipos de rostos e corpos eles deverão associar seus desejos, etc. E assim vão os primatas, apressados em atingir os parâmetros doentios dessa vida - vida que parece mais ser um sintoma de algum tipo de doença coletiva. Assim vão eles, seguindo esse projeto de vida sonhado, pelo menos até que seus corpos envelhecidos atinjam uma "deformação" sem volta. As pessoas ficam presas a uma mesma idéia de realidade... Eu acho que esse pensamento consensual, essa crença das pessoas em geral, de sociedades anteriores ou da nossa própria, de que elas estão vivenciando "a Realidade verdadeira", é bastante infundada, infantil e perigosa. Eles balançam livros sagrados com as mãos, batem punhos em mesas, ou então, mostram uma foto de uma molécula - e acreditam que assim estão comprovando experiências de realidade. O que se segue na próxima página (página e meia) pode ser até meio chato para algumas pessoas, mas é muito importante para outras, como um exemplo da lógica simples que pode ser usada para expôr os tipos de bobagens através das quais muitas de nossas desgraças são construídas. Eu conheço muito pouco de biologia, física ou ciências cognitivas em geral. Mas confio nas opiniões que coloco a seguir, e que estão baseadas em informações facilmente disponíveis para qualquer pessoa interessada. Aquilo que nós de fato "vivenciamos" (enxergamos, ouvimos, tocamos ou sentimos o cheiro) é somente uma pequena, microscópica parte do universo ao qual nossos sentidos reagem. A realidade total estaria fora de nosso alcance, pois somente podemos vivenciar aquilo que somos capazes de vivenciar, no máximo podendo otimizar, através de máquinas, a experiência que já somos projetados a poder vivenciar. Quando uma árvore tomba e ninguém está ali para ouví-la tombar, ela na verdade não está fazendo som algum. Os sons não possuem uma existência externa aos ouvidos dos seres vivos. O som é uma vibração no ar, que acaba se tornando "som" apenas quando estas vibrações entram em contato com o ouvido, ou com qualquer outro aparelho auditivo de um ser vivo qualquer. Sons não existem externamente a nós, seres vivos. São apenas vibrações no ar. Para ser mais preciso: o som é uma coisa, é essa coisa que nós percebemos com o auxílio de nossos aparelhos auditivos, enquanto vibrações-no-ar. Por acaso, chamamos essa coisa de som. O que está além disso não poderíamos saber, só podemos saber daquilo que nossos sentidos traduzem em sons, aromas, cores, etc. A realidade infinita, total, seria uma idéia muito além de nosso alcance. Já posso adivinhar, a essas alturas, contra-argumentos que alguns leitores poderiam atestar conforme o senso-comum: "Ah, se as cores existem somente dentro de nós, como todos nós reagimos da mesma forma a elas? Se cinqüenta pessoas ouvem um som, isso não significaria que ele têm uma existência externa a elas?" Não exatamente. Isso só significa que os órgãos dos sentidos dos cinqüenta humanos são padronizados, por isso é que certos aspectos da realidade são traduzidos em uma informação semelhante (realidades internas semelhantes), por órgãos semelhantes. Se junto destas cinqüenta pessoas colocássemos cinco cachorros, e eles reconhecessem também o som, isso só significaria que alguns órgãos dos sentidos nos cachorros são parecidos em tese com aqueles dos seres humanos. Não significa dizer que haveria um "som" objetivo, externo às pessoas e aos cachorros - havia alguma coisa à qual seus ouvidos reagiram, tornando possível um "som" dentro deles. Essa é a padronização biológica: seres humanos vivenciam uma realidade, porcos vivem uma outra realidade, cobras uma terceira realidade, aranhas uma quarta, moscas uma quinta, peixes uma sexta, e por aí vai. Estas realidades não existem "externamente", mas sim "internamente" à cada ser vivo, que por sua vez é parecido com todas as outras criaturas de sua mesma espécie. Cada uma destas "realidades" é real o suficiente para que cada espécie sobreviva - logo, todas elas são verdadeiras, e ao mesmo tempo. Isto significa, também, que o meio ambiente provocará nos seres muitas impressões diferentes entre si - tão diversas quanto possam ser diversos os organismos na Terra. Nosso mundo é uma coleção de um número indecifrável de realidades sobrepostas - e nós só podemos vivenciar a nossa! Não parece pretensiosa essa idéia de realidade “verdadeira” em relação aos sentidos? Além desta padronização biológica que falei acima, está a padronização social: é quando um grupo de humanos é programado por outros humanos, a ver, pensar, se expressar, viver e morrer de uma mesma forma. Diferentes sociedades, em diferentes épocas, existiram (ou pelo menos, mantiveram-se) em diferentes realidades. Estas realidades são construídas por seres humanos, mas não conscientemente. Uma pequena parte - a parte visível, legítima - de cada uma destas realidades é construída e mantida conscientemente - e todo o resto, ou seja, milhões de detalhes e de mecanismos implícitos, mentiras e medos, anjos e demônios - todos estão no subconsciente. A matéria invisível, os padrões e as lógicas escondidos por entre as realidades humanas, são subconscientes. Portanto, pode-se dizer que a raça humana vive em sonhos diferentes (pra não falar em pesadelos). E cada sonho é vivenciado como se fosse uma experiência totalmente desperta, para o grande infortúnio de todos nós. Essa idéia de realidade verdadeira estaria muito além da experiência social e biologicamente padronizada de vivermos como seres humanos. As realidades parciais, possíveis, já são muitas, a maioria delas também inacessíveis para muitos indivíduos - e todas elas são igualmente surreais. Algumas sociedades chegaram a perceber isso de algum modo, permitindo aquilo que eu chamaria de uma maior diversidade no mercado de realidades. Os diferentes partidos políticos voltam-se à realidades diferentes, devaneios diferentes. O que seria uma verdade incontestavelmente ligada à natureza do homem e da sociedade, para um socialista, pode ser questionável a um centrista, e certamente soará como um grande absurdo, para um conservador de direita. Você não pode dizer que um partido nos oferece a realidade verdadeira, enquanto que todos os outros são doidos varridos. Quer dizer: até pode, sim. Mas eu acho que uma sociedade de um partido só não tem graça, e se você prefere viver em uma, seria até meio contraditório que continuasse lendo este livro. Veja as religiões: cada religião oferece uma realidade diferente; e algumas vezes radicalmente diferente. Você não pode adotar uma e dizer: "Esta é a realidade e todas as outras religiões estão sendo mantidas por um bando de retardados alucinados". O mesmo vale para arte, música, e as várias correntes filosóficas ou de meditação. Não vamos nos esquecer também das centenas de milhares de curadores pela fé, videntes, astrólogos, praticantes de magia negra, praticantes de magia branca, e toda e qualquer outra pessoa que saia por aí fazendo gestos, consertando campos de energia, lendo o futuro ou conversando com seres iluminados vindos de qualquer lugar imaginável. Então, se para os cristãos ou muçulmanos já de antigamente falar com Deus sempre foi uma coisa normal, e o é até os dias de hoje; e se uma velha senhora não é colocada atrás das grades quando ela olha para o futuro com a ajuda de espíritos, não há razão alguma para me colocar atrás das grades só porque eu vejo um monte de bobagens esquisitas quando estou chapado. Então eu sou um louco? Comparado a quem? Quem é esta pessoa, que estaria servindo como padrão de normalidade? Estou ainda pra conhecer uma pessoa normal. Todas que já encontrei até agora variaram de levemente malucas a intensamente malucas, de levemente doentes a muito doentes. Nunca encontrei quem pudesse ser considerado completamente normal e saudável. E querer forçar uma crença de que você é normal e saudável, mesmo sabendo perfeitamente que você não é nem poderá ser, e usar de álcool, pílulas, masturbação excessiva, tabaco, telenovelas ou religião para suprimir esta consciência, somente o lançará cada vez mais fundo a labirintos de mentiras e de sofrimentos. Porque não desistir disso tudo, vivenciar seus intensos mas limitados momentos de sofrimento, e então, com uma alma mais leve, começar tudo de novo? Neste mundo humano no qual criamos e habitamos, existem alguns fluxos de compartilhamento entre diferentes realidades, e enquanto eu acredito que deveria haver um mercado livre de diferentes realidades, o estado e a igreja acreditam que eles possuem um direito natural sobre o monopólio de realidades. Acho que cada membro de igreja ou pesquisador de laboratório pode acreditar no que quiser, mas isso não deve ser uma lei de estado - os governos deviam estar voltados a outras coisas. Seres humanos vivem juntos e seguem regras visando proteção mútua, visando alcançar coisas que um humano sozinho não conseguiria. Esse Estado deveria ser um aparato de estruturas sociais para que um bom ambiente de trocas, serviços e idéias se dessem de forma segura. Deveria cuidar para que pessoas não roubassem, matassem, estuprassem, torturassem ou enganassem umas às outras. Que o forte não se aproveitasse do mais fraco, que aqueles que não conseguem sobreviver por si próprios sejam protegidos pelos outros. Mas ao invés disso o Estado age como um Deus, afirmando que possui o conhecimento definitivo sobre o homem e o universo - afirmando aquilo que posso comer, beber, fumar, no quê posso pensar, ver, ouvir e sentir; afirmando que devo fazer tudo isso do seu jeito. Porque, é claro, o Estado não somente pensa saber tudo sobre o presente, como também acha que prevê o futuro... é só isso que o permite julgar, sem constrangimento algum, que se eu fumo maconha ou cheiro pó hoje, inevitavelmente me tornarei no futuro o maior dos ladrões estupradores alucinados. B Os cidadãos-de-bem jamais admitiriam isso, mas na verdade são justamente as noções de realidade deles (suas mentiras e pretensões) que criam estes monstros aí em torno de nós, pessoas que usamos drogas. É claro, eles nunca iriam tomar para si a responsabilidade, de estarem definindo seus filhos, companheiros e companheiras como pessoas histéricas, sádicas e assassinas, enquanto que procuram a culpa em algum agente externo qualquer: o diabo, a conspiração, as drogas, músicas ruins, filmes ruins... Enquanto estas pessoas estão acordadas, muitas delas passam cada minuto de seu tempo tentando proteger suas frágeis realidades primitivas daquelas informações que poderiam descomplicá-las - e negam isso até a morte. O que vejo, penso e sinto é problema meu. Só vai se tornar um problema social se eu matar, roubar ou estuprar; ou quando me tornar socialmente inadequado a ponto de querer subir em paredes ou não conseguir me manter vivo por meia hora que seja sem a ajuda de outras pessoas. E veja bem, isso só é válido para quando eu realmente começar a subir paredes, e não para quando alguém manifesta que acha provável que isto aconteça daqui alguns meses ou anos. Isso é bobagem, tratam-se de duas coisas diferentes. Uma coisa são os fatos, outra coisa são as especulações paranóicas dos primatas/cidadãos-de-bem/normatizadores. Eu, meus amigos, e milhões de pessoas que usam drogas pelo mundo afora, não roubamos, estupramos nem tentamos atravessar paredes, e mesmo assim somos levados pra prisão ou para o tratamento compulsório em um hospital, de acordo com as teorias de saúde mental que estão na moda, com as certezas da moda sobre o que nós iremos nos tornar nos próximos anos e décadas. Olhe, mesmo que eu acabe mesmo matando alguém em 2030, devido unicamente ao fato de usar drogas e não por qualquer outro motivo, há motivos para me prender em 2007? Isso é insanidade, não seria aceitável nem segundo as lógicas penais estilo Jornada nas Estrelas , mas incrivelmente é aceito por políticos, doutores e cidadãos de muitos países (isso, aliás, vai ser assunto para um outro capítulo). Vamos concluir a questão da saúde mental: não importando o que aconteça em minha cabeça ou sob a minha pele; enquanto eu for capaz de me expressar, fazer alguns trocados, atravessar uma rua e etc. serei uma pessoa socialmente adequada, não uma pessoa maluca. E o que quer que eu veja, faça ou pense não estará no mundo para ser controlado por policiais, doutores ou políticos formais. Tentem imaginar uma pessoa com depressão crônica, ou uma sado-masoquista emocionalmente guiada por sentimentos de culpa, que trabalhe em um emprego maçante e que costume construir verdadeiros oceanos de mentiras entre ele e seus amigos e companheiros(as). Imaginem, agora, esta pessoa tendo a tarefa de julgar se você é ou não normal, talvez tomando a si própria como um parâmetro de normalidade. Bem, julgar ou não outras pessoas como normais será um direito dela (afinal isso que é liberdade, não?). Agora, se estas mesmas interpretações pessoais acabam sendo impostas e legitimadas através de aparatos repressivos ou de instituições biomédicas, aí estaríamos falando de um inferno. Estamos falando em uma sociedade que permite, através de suas leis, que pessoas como o Jimmy morram de overdose, e que no outro dia a notícia de sua morte seja vista como uma coisa desejável - como uma punição moral. 3. Moral Degenerada A Um argumento que corre por fora desse papo moderno de proteção compulsória à saúde (ou seja, a proteção usada para me forçar a esta situação desagradável que é doar dinheiro ao estado através de impostos, e receber em troco medo e ameaças) na verdade é um argumento bastante antiquado: o de que as pessoas que usam drogas têm uma moral degenerada. Aqueles que usam drogas são imorais, não possuem senso algum do que é bom ou mal, permitido ou proibido, o que faria com que não se tratassem de pessoas civilizadas. Elas são como bárbaros imprevisíveis que precisam ser enjaulados, se é que queremos que a sociedade sobreviva! Mas o quê diabos esses cidadãos de bem estão temendo? Que imagem seria essa, de uma sociedade que não sobreviverá? O quê exatamente essa sociedade demonstraria, se por acaso eu não fosse enjaulado? Será Morte? Violência? Dor? Medo? Bem, essas coisas estão todas aí, já estão presentes, por séculos aliás, desde o início da história que temos notícia. Existiram assassinos, estupradores, ladrões e golpistas; houveram guerras brutais; pais sádicos e mães sádicas e filhos sádicos. Eu diria que há hoje ainda (por exemplo) uma sede de sangue tomando conta da mente de alguns policiais, fazendo com que espanquem pessoas indefesas. Bem, nenhuma das coisas acima pode, de forma alguma, ser o resultado direto e isolado do fato de algumas pessoas estarem fumando maconha ou viajando em ácido, ou de outras injetando (aquilo que se acreditam ser) heroína em suas veias. Agora, convenhamos: dizer que eu seria uma das milhares de pessoas que financiam o crime organizado ou a máfia por comprar drogas ilegais, e que por isso estaria causando danos indiretos a terceiros, é uma típica manifestação histérica, repetindo uma lógica que só explica a si mesma e é muito pouco fundamentada. Eu compro drogas ilegais porque elas não são legais! Se elas fossem legais, eu estaria comprando drogas legais, e nem me importaria em deixar de financiar o tráfico, para ao invés disso financiar o estado - mas eu não tenho sequer esta escolha, e tudo isso por causa do próprio estado. E, mesmo que eu fosse de fato indiretamente responsável por manter satisfeita alguma pessoa envolvida na estrutura ilegal, porquê este ato indireto seria motivo para me mandar à prisão? Seria como se alguém fosse preso ou internado por ter comprado frutas sem pedir antes comprovantes das condições de trabalho das pessoas que estiveram na colheita, ou sei lá, por ter comprado alguma coisa sem pedir comprovantes de que os impostos estão sendo pagos, ou coisa do tipo. Eu nunca fui forçado a investigar as pessoas que fazem a camiseta que estou vestindo agora, ou as que distribuíram para a loja. Se estivéssemos em um mercado livre eu estaria apto a escolher qual destino meu dinheiro teria - porém como se trata de um mercado ilegal, graças ao estado, então eu pago para quem está me oferecendo. Não gostaria que fosse assim, gostaria de ter uma escolha, enquanto pessoa que usa drogas. Então parece ser a coisa mais hipócrita possível, que as mesmas pessoas que me privam da escolha de comprar drogas de uma forma legal, queiram me prender por colaborar com um crime organizado que eles próprios deixaram se organizar? Uma outra questão sobre o fenômeno da moral degenerada, é que os valores morais, pelo menos do ponto de vista dos cidadãos-de-bem, teriam as seguintes características: a) Não são dominantes na sociedade atual. Os ditos cidadãos-de-bem, ou os agentes, somente pensam que a vida funciona de acordo com seus valores morais, mas não é isso o que acontece. E além do mais, esses são sempre os primeiros a mentir e subornar - mas humanitários, são capazes de babar quando vêem uma criançinha no colo dos outros. b] Estes mesmos valores morais nunca foram dominantes; nunca foram realmente seguidos. Cada geração sempre têm os seus velhos tempos, segundo os quais tudo era bom e hoje tudo está errado. Tristes primatas malucos. Quando adultos tentam programar crianças para que vivam sob certas regras, eles não abrem o jogo com elas. O mais provável é que os adultos queiram construir um casulo de informações controladas em torno da criança, um micro-universo que não segue as regras do mundo observável (do mundo adulto); mas sim as maravilhosas regras especiais que existem na imaginação rasa do adulto. O adulto segue a ilusão de que se ele ou ela mentir, confundir e ameaçar a criança o suficiente (em busca sempre de métodos mais adequados para fazer isso), então de alguma forma o resultado dessa mistura aí de lixo mental e emocional que está sendo imposto transformará aquele ser numa boa criança, que certamente se tornará em uma boa pessoa quando crescer. O adulto já mantêm em torno de si próprio esta informação controlada, para tentar desesperadamente proteger sua personalidade da desilusão, e se a criança não aceita este casulo, isso coloca em risco o próprio casulo do adulto. A criança precisa ser imposta às mentiras do adulto, porque ele depende que as pessoas acreditem nelas. Quando a próxima geração está programada, está sempre voltada às coisas boas da realidade corrente, enquanto que as coisas ruins são omitidas, como se não existissem. No processo, a criança aprende a mentir para si mesma e percebe conscientemente apenas a realidade imposta pelos adultos. Caos, medo, dor e confusão poderão fazer parte do processo de tornar-se adulto. Tentar ser a máscara que eles usam, recusar-se a aceitar o que está por trás dela, recusar-se a aceitar que existiria algo mais aí a ser levado em conta... *** Continuamos... Quem quiser ajudar no projeto, mande uma MP, vamos combinar os capítulos! Abraços
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E aí pessoas... Em 2007 encontrei na net um livro chamado "My choice to abuse drugs", assinado sob o pseudônimo Embeca Hipara. Não se sabia a procedência, até que no primeiro parágrafo, o cara já descrevia uma cena na qual estava fumando um na cidade de Sofia. Comecei a ler e curti pra caralho: era uma crítica meticulosa sobre todos os argumentos existentes no senso-comum burguês/cristão etc. normalmente usados "contra" as pessoas que usam drogas. E o melhor era o seguinte: não era um texto metido a academicista ou cientificista. Pelo contrário, o cara tirava uma onda da ciência: "se meus oponentes não usam do bom senso, então porque é que eu vou me preocupar em contra-argumentar em dados científicos?" Então, como as idéias são bem malucas e é um livro representativo da filosofia canábica, surgiu a idéia de traduzir isso. Tentei entrar em contato com o Embeca (a essas alturas não sabia se era ele ou ela, heehe), e por muito tempo fiquei sem resposta. Há algum tempo atrás ele respondeu (sim, era um cara mesmo), foi totalmente de apoio à tradução, ficou lisonjeado (muito parceiro) e agora chamei um amigo pra me ajudar a terminar o trampo. Nossa idéia é disponibilizar na íntegra via net, as duas partes do livro (a primeira argumentando sobre a proibição das drogas em vários níveis, e a segunda falando sobre tecnologias da viagem sobre uso de maconha). Têm umas editoras alternativas que conhecemos, vamos baratear o máximo possível e vender a preço de custo. Bem, é o projeto inicial... Então. Quero botar na roda aí algumas partes que já estão traduzidas, nem revisamos muito mas a idéia é ter esse retorno, ver o que vocês acham ou se poderíamos acrescentar outras coisas. Lá vai a primeira parte da Introdução! Se rolar, vou postando o resto aqui conforme terminamos. Abraços! Minha Opção em Abusar Drogas (Embeca Hipara) INTRODUÇÃO A Era uma vez... Eu e um amigo meu estávamos sentados num banco de uma típica praça pública, com jardim - dessas que ficam entre pequenos blocos de apartamentos -, próximo ao centro da cidade de Sofia . Fazia uma hora que a chuva havia parado, e encontramos com sorte um banco que não estava molhado - protegido da chuva pelos galhos de uma castanheira - e ali, dividíamos um baseado. Em meio a isso, notamos uma turma de senhoras, que estavam sentadas, paradas no espaço vazio da outra ponta do jardim. Ninguém nunca sabe o que esperar de uma turma de senhoras. Nos idos de 1989, muitas delas tinham por aqui o hábito de denunciá-lo à polícia secreta, se por acaso você fizesse piadas sobre o partido comunista, ou se você ouvisse "música capitalista" - e um hábito desses aí não costuma morrer fácil, sendo mais provável que acabe se adaptando a novas realidades, como uma Guerra às Drogas, por exemplo. "Agente" é a gíria mais usada por aqui para falar dessas pessoas curiosas demais, geralmente mais velhas, que observam você por trás das cortinas de suas janelas. Tipo: - Olha ali cara.. parece que tem um agente no terceiro andar. - Qual deles? Ah sim.. então, vamos acender um cigarro. Aja naturalmente. Assim que a erva fez efeito, as cores ficaram mais brilhosas que o comum, os sons da cidade e dos insetos ficaram mais destacados, e as batidas do coração mudam de ritmo. No chão já seco logo abaixo do banco do jardim, algumas lesmas e caracóis vagueiam, em seus delírios de câmera lenta, deixando trilhas brilhosas na grama e nas rachaduras do concreto. "Olha isso", eu disse, e coloquei a ponta do baseado bem em frente a um caracol. Após um bom tempo de observação - algo típico de um maconheiro -, o caracol havia chegado até o cigarro e, ao invés de simplesmente dar a volta por ele, parou bem na frente. Quinze minutos depois, três caracóis e uma lesma já haviam se juntado à festa. Como estátuas, ficaram ali, parados em frente à bagana de maconha. "Eles estão ficando chapados", meu amigo falou. "Sim", eu respondi. - Será que é perigoso para eles? Assim, venenoso ou algo do tipo? - Bem.. sem dúvida é tóxico para nós. Então não vejo porque não seria para eles. - Será que eles podem morrer depois da exposição ao cigarro? - Não faço idéia.. mas eles provavelmente vão morrer, ou podem ficar doentes, ou coisa do tipo. - Isso não lhe incomoda? Essa pergunta me fez repensar éticas, memórias e pensamentos - tarefa que pode exigir considerável esforço às vezes, quando se está chapado. Acabei respondendo algo do tipo: "Meu posicionamento é o seguinte, que caracóis são criaturinhas patéticas. No pouco tempo em que vivem, elas ficam tentando sobreviver e procriar. Elas estão aí, sendo esmagadas por pés, infectadas por bactérias, amassadas por carros. Até onde eu saiba, elas sequer possuem consciência, mas são como pequenos robôs que sentem dor, prazer e talvez algumas vezes, confusão, e que tentam desesperadamente fazer aquilo que foram programadas para fazer - procriar - antes que algo aconteça. Neste exato momento, enquanto elas ficam intoxicadas ou chapadas, como nós estamos dizendo, elas estão fora do programa que controla suas vidas, pelo menos por um pouquinho. Isso é a coisa mais próxima da liberdade, de alguma coisa como "individualidade", que elas poderiam um dia alcançar. Talvez todas morram em menos de meia hora. Não vou me sentir um assassino. Na verdade eu acho que até desejaria, se algum dia eu fosse um caracol ou uma lesma, que alguém viesse me oferecer um baseado".
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Legalizar As Drogas Em Geral X Legalizar Maconha
topic respondeu ao Pedro32 de leprechaunz em Ativismo - Cannabis Livre
Ah, tá aí um papo antigo... e muito interessante pra perceber nossas próprias limitações. Vejo aqui muita idéia com a qual concordo plenamente, mas também muitas coisas pra gente avançar. Primeiro é o lance da nossa consciência política e da nossa ética. Consciência política é o que estamos fazendo aqui, nesse fórum. Quem me conhece sabe que sempre toco nessa tecla, Marcha da Maconha é um enfoque só para maconha, mas isso não significa que devemos fechar os olhos pra realidade que dá entorno a essa discussão. Neguinho curte falar tão mal da proibição, da violência aos usuários e jardineiros, mas aí vêm defender criminalização pros outros. Fala mal da adulteração, etc. mas aí diz que crack só faz mal. Crack nunca vai ser legalizado, sabe por quê? Porque Crack só é o que é por ser ilegal. Crack é cocaína fumada, não é gasolina com pólvora e sabão em pó... Será que o governo iria legalizar gasolina com pólvora e sabão em pó? Não, e é aí que entra uma questão de cobrança, para que essa realidade mude, novas políticas entrem em ação, e isso é questão séria mesmo, assistência social, saúde, não é questão simplesmente de direitos individuais... Pessoal que usa crack vende tudo, mora na rua... Quem mora em comunidade ou conhece um pouco a vida para além dos muros sabe o que é isso, e se não conhece, não pode simplesmente demonizar o cara que usa crack da mesma forma que fazem com a gente. Então...não precisa "defender a legalização do crack" não, basta ter consciência. Estamos aqui numa condição privilegiada pra isso. Se alguém aqui defende a proibição como solução pra alguma coisa, ou reproduz o discurso da proibição, de que "não estamos preparados"... Vamos tomar cuidado, se defendemos isso então talvez não estejamos aproveitando a riqueza deste ambiente de trocas e de respeito e consciência social que é o Growroom.... Drogas é caso a caso, aqui nós falamos sobre Maconha. Quem se aproxima do movimento da Marcha sabe que já rola um diálogo muito positivo nesse assunto, em notarmos que nossa causa é bem específica, e que não é nossa tarefa falar sobre outras drogas, mas que isso não impede que tenhamos consciência. Abraços... e parabéns pela discussão, é pra isso que o Growroom serve também...minha opinião aí. -
Massa essa visão, tem que respeitar mesmo a maconha. Outra coisa legal na minha opinião sobre essa outra forma de usar a maconha é a redução dos danos "sociais", por exemplo quando se vai em algum show, algum lugar em que se fique por muito tempo e que seja meio policiado demais, é perfeito. Só ter o preparo mesmo, como com qualquer outra droga de efeito mais prolongado, levar mais larica e algo a mais pra beber, porque assim como a chapadeira, a larica e a secura na boca também se estendem... Abraço
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Vagabudos Que Dão Má Reputeção Aos Maconheiros
topic respondeu ao BC_Bud de leprechaunz em Comportamento
No sul tem a gíria pra pedir um pouco de fumo que é o "engorde". Normalmente cada um põe um engorde pra fechar um beck coletivo. Não rola cobrança nenhuma, e se é a única coisa que a pessoa tem até dá pra entender. Mas sempre rola umas piadas tipo: - Tem um engorde aí, cara? - Tenho sim - Então. Vamo fumar esse engorde, pq eu não tenho nada Li o pessoal aqui falando dos amigos que apavoram a geladeira e tal... isso é mais tranquilo de se lidar, acho que é falando na cara mesmo. Quanto aos mais desconhecidos, isso é complicado porque numa roda não existe centro né? Então... às vezes cada um põe um pouquinho, e depois que o beck tá rolando podem aparecer outras pessoas. Tem as pessoas que fingem puxar assunto (qualquer assunto), fica um lance meio forçado só pra entrar na roda. Outras não cumprem esse papelzinho e são mais diretas, mas não falam nada, fumam e vão embora, e às vezes é como se elas estivessem usando o fumo E as pessoas. Eu sempre procurei não me incomodar com isso, pois sempre achei foda a pessoa que aparece mendigando, penso que elas têm uma relação com a maconha que não deve fazer muito bem pra elas. Mas fico também com a impressão de que, quando nos incomodamos demais com isso, podemos acabar entrando na mesma sintonia que ela, dando importância demais pra algumas gramas de uma planta (essa idéia de propriedade sempre é bizarra quando paramos pra pensar, mas com uma planta é muito mais estranho). Abs! -
Aprovada pelo Senado a nova política de drogas
topic respondeu ao Chalirouman de leprechaunz em Ativismo - Cannabis Livre
Comentando sobre a notícia acima, do Pédiblack: essa é uma das provas de que a nossa função é combater não somente as leis, mas principalmente a forma de entendimento das pessoas a respeito dos usos de drogas. Ainda se têm essa visão de que ou a pessoa não usa drogas, ou ela é uma viciada. Sendo que o próprio conceito de "vício" é ridículo, como se a droga estivesse levando todos ao caminho da perdição..será que esse pessoal não viu o último relatório da ONU, onde diz que somente 10% dos usuários desenvolvem uso problemático ou indevido de drogas??? Não quero dizer também que a lei não é importante, ela é primordial sim, porque põe no papel a conduta de muitos agentes diversos, e essa conduta vai se multiplicar e vai ajudar a criar a maneira das pessoas perceberem a questão. Porém isso anda lado a lado com a questão da ignorância, da falta de compreensão sobre usuários de drogas, moralismo, assistencialismo e também do terrorismo que a gente vê pela mídia. São dois caminhos diferentes de atuação do antiproibicionismo.. Abs -
Videos da sessão do CCJ que excluiu o auto-cultivo
topic respondeu ao Chalirouman de leprechaunz em Ativismo - Cannabis Livre
Antes de mais nada pessoal, parabéns pelas atitudes e iniciativas... Estamos [Princípio Ativo] correndo por fora nesta questão. O projeto de lei vai ser votado no plenário e a ABORDA [associação brasileira de redutores de danos] promoveu uma moção de repúdio sobre o que ocorreu no senado. Esta moção foi aprovada aqui no sul e será discutida no VI encontro nacional da ABORDA em Santo André [sP]. E sobre o demóstenes.. acho que nem vale a pena ficar gastando o verbo falando se maconha faz bem ou faz mal. Na minha opinião a gente deve sempre lembrar das seguintes constatações: [1º] Maconha até pode fazer mal, mas o proibicionismo não ajuda a reduzí-lo e ainda cria vários outros males. [2º] O abuso ou uso indevido de drogas é um fator bio-psico-social. Como é impossível proibir o acesso ao "biológico" sem ao mesmo tempo fomentar a violência nos contextos "psicológico" e "social", logo quem reprime ou é muito mal informado ou nunca esteve preocupado com o bem estar de ninguém. Aí eu quero ver o carinha argumentar contra, sem conseguir esconder o moralismo :] A propósito, este foi o texto aprovado aqui no sul pelos redutores de danos: "Manifestamos contrariedade quanto ao rumo tomado para o projeto do senado nº115, de 2002 (substitutivo da lei antidrogas nº6368/76), cujas últimas emendas reintroduziram a pena de prisão ao usuário de drogas, bem como a impossibilidade de distinção entre traficante e usuário quanto aos indivíduos que "semeiam, cultivam e colhem" para uso próprio. Tais emendas, propostas através de argumentos claramente contestáveis, demonstram o despreparo da maioria de nossos representantes no senado para lidar com a questão do uso de substâncias psicoativas. A via punitiva e repressiva, ao longo de décadas, só têm reforçado os contextos violentos nos quais se deram o uso das substâncias tornadas ilícitas. Bem sabemos que tais contextos somente ampliaram quaisquer danos causados pelos usos destas, além de possibilitarem os danos sociais através da estigmatização dos usuários, e consequente desinformação da sociedade sobre estes e suas práticas. Nós, que tentamos trabalhar na ponta, e compreender a realidade em que vivemos para melhor promover a saúde nestes contextos, enxergamos nestas emendas o símbolo da própria intolerância com a qual a sociedade costumou tratar a sua diversidade, condenando moralmente práticas sociais que, via de regra, só estão associadas à violência porque se recusou entendê-las de outro modo. Desejamos que as alterações sejam desconsideradas na votação próxima no plenário, cientes ainda de que os senadores Demóstenes Torres (PFL-GO) e Magno Malta (PL-ES) constituíram infração regimental ao incluírem tais emendas, uma vez que nesta fase da tramitação do processo, não era permitido ao senado propor mudanças de mérito na lei. A abordagem repressiva suscita, acima de tudo, a falta de conhecimento acerca dos usos de drogas em nossa sociedade, e ainda que esta repressão se encontre velada sob um desejo de reduzir prováveis danos, jamais deixaremos de apontar a nossa contrariedade sobre aqueles que pensam que a mera repressão e intolerância sejam mais importantes para promover a saúde do que o respeito à diversidade e aos direitos humanos mais fundamentais. Porto Alegre, 17 de Junho de 2006" -
Isso tudo é muito relativo.. e nem precisa dizer o quanto esses caras aí só tão interessados em aterrorizar e criar confusão com bobagem. Pra início de conversa, os "especialistas" aí são americanos, o que já quer dizer muita coisa. Proibicionistas, cientistas que já pesquisam algo que condenam moralmente. E falar que o cara ficou 72 horas em surto psicótico, perdas irreversíveis na memória etc.. não consegui engolir essa. Segundo um amigo meu que é médico, até existem relações e casos envolvendo maconha e surto psicótico, mas jamais podemos tomar a exceção como se fosse regra, né? Aliás ele ficou de me mostrar mais coisas a respeito e eu passo aqui quando tiver maior contato com outros estudos. A propósito: 95% do que eu uso é por ingestão, e nunca tive problema algum, além dos efeitos colaterais que pra algumas pessoas são mais desejáveis e pra outras não muito - o que é normal: fome, sono, maior sensibilidade etc.. e esses caras ficam falando do nível alto de THC no sangue e tal, mas só faltou comprovar a relação sobre o porquê que isso é ruim. Pra mim isso pode ser bom, talvez não pra eles! Já dizia o Antonin Artaud, nessa cartinha que eu coloquei na minha assinatura. Abs
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A maconha e a desaceleração do tempo
topic respondeu ao mmonteiro de leprechaunz em Cannabis e a Saúde
Acho que é bem por aí.. assim como qualquer outra ação nossa. Dizem que deixa a pessoa lerda e burra, mas conheço pessoas que começaram a ler mais e [talvez para fugir desse estigma] fazer relações, estudar tudo que era relacionado mesmo. Se isso não é um uso positivo de drogas, então não sei o que é! Sobre a percepção do tempo, eu acho isso incrível também.. acho que é por isso que a erva ajuda a acalmar muita gente, pois ficamos mais focados no momento presente, e mesmo que fiquemos olhando para um mesmo objeto a cada porção de segundos os pensamentos que surgem são diferentes e novos. Não ficamos presos nessa mania de articular informações acumuladas: ao invés disso somente olhamos, pensamos e percebemos. Normalmente as pessoas se preocupam demais [pré-ocupam], e sentir o momento presente ajuda muito a acalmar e fazer uma auto-reflexão. -
Reflexões sobre Drogas e Violência - parte um
um tópico no fórum postou leprechaunz Ativismo - Cannabis Livre
Mediação de conflitos e Direitos Humanos Integrantes do Princípio Ativo participaram, no sábado (20/05), da elaboração de propostas na 1º Conferência Municipal de Segurança Urbana de PoA. O objetivo deste evento foi o de recolher propostas e diretrizes, por parte da comunidade, visando a construção de políticas públicas relacionadas à segurança urbana, violência e temas derivados. Partindo de alguns temas abordados lá, propomos estas reflexões.. O eixo escolhido pelo grupo foi o de "Políticas de prevenção e enfrentamento da violência e do crime: Mediação de conflitos e Direitos Humanos". Algumas de nossas propostas se resumiam a trocas de conceitos mesmo, dentro dos textos, como por exemplo mudar a expressão "prevenção e tratamento à drogadição" para "conscientização e prevenção contra o uso abusivo ou indevido de drogas" - afinal, nem todo uso de drogas pressupõe problemas na vida do usuário. Muitos costumam nos indagar: quando se fala nisso, não se estaria afirmando a existência um uso "devido" de drogas? A resposta é não: não se trata de afirmar que drogas devem ser usadas, mas sim de dizer que existem várias maneiras de usar uma substância, afins de reduzir possíveis danos - e a Redução de Danos é uma abordagem na promoção de saúde já consagrada mundialmente. "Drogadição" é um termo ineficaz para explicar como se aborda uma relação problemática de abuso ou uso indevido. Esta relação requer todo um contexto favorável, onde se criará a expectativa entre o usuário e a substância química. E como nos supõe as bulas dos fármacos (inclusive as dos mais danosos), o organismo de cada pessoa responderá a cada substância de forma diferente. Não há como entender, portanto, certos discursos médicos "antidrogas" que apresentam algumas substâncias como sendo inevitavelmente agressivas a tod@s que com elas cruzarem contato - enquanto que as substâncias que eles prescrevem possuem contra-indicações, efeitos adversos e dosagens reguladas para cada organismo. O contexto do uso é psicológico e social. Portanto, o "comportamento viciado" não se resume somente à mera ação de substâncias químicas sobre o corpo. Comprovando a importância destes fatores, existem inúmeros "comportamentos viciados" com práticas que não envolvem a administração de substâncias químicas no organismo - o vício em jogos, por exemplo. A questão a ser prevenida, portanto, não é a mera prática em si (as substâncias químicas ou os jogos), mas principalmente a relação que é construída em torno desta prática por algumas pessoas. PROERD Uma das nossas propostas mais importantes na conferência se deu sobre a intenção original, que visava um estabelecimento definitivo do PROERD em Porto Alegre. O PROERD é um programa ultrapassado, importado do modelo americano de "war on drugs", no qual policiais são selecionados para dar "aulas contra o uso de drogas" nas escolas. Coloca-se a temática de uma forma repressiva e nada educativa através de palavras como "guerra" ou "combate", e desrespeitando a inteligência dos adolescentes com frases no estilo "just say no". Com isso, acabam por desinformá-los e desprepará-los para lidar com a realidade das drogas na sociedade, e incentivar opiniões moralistas e estigmatizadoras acerca de drogas e seus usuários, contribuindo para o aumento do preconceito e do tabu, bem como para um desentendimento desta prática social que possui significados muito diversos entre si. Grupos americanos que, como o nosso, contestam tal abordagem, evidenciam esta falha com um bom trocadilho: "just say know!". Pois como nem todo usuário constrói relações problemáticas, um jovem que tenha passado pelo PROERD, ao encontrar com um usuário não problemático de cannabis, por exemplo, questionará tudo que ouviu, podendo achar inclusive que, já que cannabis não mata (conforme alertaram), é possível que ela "sempre faça bem à saúde". Ou seja, exclui-se a possibilidade de reduzir danos, e mesmo a de informar. Um repressor deixará a saúde em segundo plano, por enxergar no uso um crime. Propomos uma revisão do PROERD como algo ultrapassado, substituindo-o por equipes multidisciplinares que passassem informações claras e não-repressivas sobre drogas nas escolas (compostas principalmente por trabalhadores da saúde, psicólogos e cientistas sociais, dentre outros profissionais), e assim promovendo a possibilidade de um diálogo franco e aberto sobre o tema. A construção do temido "mundo das drogas" - e suas portas de entrada... Outra adaptação do grupo foi acerca de políticas públicas que promovessem eventos culturais nas comunidades onde a venda de drogas é mais presente, visando maior inserção social dos jovens. Projetos como esse são imprescindíveis ao atuar nessa realidade, e bons exemplos disso são o Afroreggae e a própria Central Única das Favelas (CUFA). A proposta original, no caso, estava escrita da seguinte forma: "criar um sistema de proteção à drogadição de jovens adolescentes, com o objetivo de evitar sua cooptação ao mundo das drogas". Ora, mas o "mundo das drogas" é o mundo no qual vivemos há milênios.. Se queremos entender e lidar com esta questão, devemos encará-la como real, e não cair no engano de achar que podemos "evitar" entrar em contato com elas - nem que seja para falar sobre o assunto. Neste sentido é que certos argumentos "contra as drogas" acabam soando confusos: como não se consegue extinguir as drogas do mundo, muitos fingem que elas não existem - e mesmo se existem, dá a impressão de que não podemos dialogar com elas, a não ser para repudiá-las, reprimir a sua existência, deixar a realidade das drogas sob uma cortina de fumaça. E é aqui cabe mais uma reflexão sobre a construção do conceito de "drogas". Podemos lembrar do conceito de "dispositivo", para o filósofo M. Foucault, quando aplicado à difusão de idéias sobre drogas. Para o pensador francês, certos discursos e saberes, durante o processo no qual ganham um status de reconhecimento (científico, por exemplo), através deste reconhecimento começam a se articular e agir através de outras esferas sociais - e os agentes destas esferas variadas irão reproduzir as noções deste discurso. Tal aproximação é lembrada pelo pesquisador Maurício Fiore (neip- USP), que analisa, por exemplo, o papel da mídia ao abordar o tema "drogas", agindo não só como reprodutora do discurso (cientificamente construído) da "guerra às drogas", como também como incitadora de toda uma forma de se entender a questão do uso de drogas na sociedade. Ou seja, ao mesmo tempo que se reprime a droga, através de conceitos como "combate", "guerra", "morte" e "vício", se cria com isso todo um ambiente de diálogo e percepção sobre o assunto que não têm como não ser "violento" - e "viciado". É de se perguntar até que ponto a instauração de uma abordagem de "guerra" ao assunto está contribuindo para um debate de um tema sobre o qual, geralmente, dizem que não se pode falar por ser "delicado demais"; como uma realidade que é tão horrível que é preferível omití-la - gerando assim tabus, preconceitos e generalizações que em nada contribuem para um melhor entendimento da questão. Depois que algumas substâncias se tornaram ilícitas, no século passado, o termo "drogas" passou a sofrer alterações de significado, de forma direta e indireta, conscientemente ou não, por parte das pessoas que falam sobre isso. Quando alguém reprime as drogas ilícitas, não está somente reprimindo-as, mas está também ajudando a construir uma idéia específica sobre "drogas ilícitas" - uma idéia que conferirá características às "drogas" justificando a sua repressão. Por exemplo: "drogas sempre matam", "drogas sempre levam à violência", etc. Em outras palavras, podemos dizer que a repressão necessita da idéia de droga como sendo "uma coisa sempre maligna e sempre perversa". Esta concepção sobre "drogas" nasce através da proibição, legitimando-se no senso comum e reproduzindo-se tanto através de julgamentos subjetivos e morais quanto nas instituições. Isto nós podemos observar nas restrições e proibições impostas quanto ao interesse de pesquisadores sobre o tema, dentro das próprias universidades; ou na omissão, manipulação ou distorção feitas em determinadas pesquisas científicas sobre drogas. O exemplo mais clássico dos desdobramentos desta distorção é a teoria da "porta de entrada": para alguns cientistas concluírem que "o uso de cannabis sempre leva ao uso de drogas pesadas" como heroína, ao invés de pesquisarem usuários de cannabis, pesquisaram usuários das drogas mais pesadas... Este método, de pesquisar um fato (ex: uso de heroína) e atribuir um dado isolado (histórico de uso de cannabis) como sendo um fator causal do objeto estudado, além de raso é intelectualmente desonesto. Caso fossem feitas pesquisas com usuários de cannabis, a "teoria" da porta de entrada seria reduzida a dado estatístico insignificante. Redutores de Danos no mundo todo vêm aplicando a cannabis inclusive como "porta de saída" para usuários de drogas pesadas como o crack, conforme terapias de substituição - e segundo estes trabalhadores da saúde elas vêm dando muitos resultados positivos. Para fazer uma ironia, partindo de um método de pesquisas como o da "porta de entrada", pode-se chegar a conclusões absurdas, como por exemplo a de que "o fator causal das mortes de pessoas é o fato de elas terem nascido" - e a partir daí, defender a proibição da gravidez para reduzir a ocorrência de mortes. Pareceria absurdo demais - e na nossa opinião, as políticas antidrogas são tão absurdas quanto esta possa soar. Por seu fracasso ao reduzir demanda e consumo, e por seu fornecimento de uma lógica perversa na qual morrem muitos cidadãos - incluindo aqueles que a princípio não estariam ligados com uso, venda ou repressão, mas que acabam sendo alvo direto ou indireto desta guerra. Sobre esta questão da violência, tentamos expôr alguma reflexão na outra parte do texto. De resto, enquanto não enxergarmos o "outro lado" deste "mundo das drogas", aprendendo a observar a construção arbitrária destes conceitos "aterrorizantes" a partir da abordagem criada após a proibição, não poderemos entender a lógica que envolve a questão. Consideramos uma tarefa de todos os que se preocupam com a questão identificar e isolar os tabus que costumam rondar o tema, sob pena de nos afastarmos cada vez mais de um debate claro sobre uma questão urgente. Acima de tudo, não se pode ter medo de falar sobre drogas - e o que propomos aqui, enquanto um grupo de estudos e pretenso movimento social, é o simples exercício da troca de idéias. -
Marcha Legalizaçao Belo Horizonte
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Beleza galera! Vocês tão começando, e na real como o The Smoker falou, já existem pessoas por aí estudando o tema. Mas uma coisa eu digo: achar pessoas que são contra a proibição é fácil - difícil é achar pessoas assim que queiram botar a mão na massa, colar cartazes na rua, escrever textos, estudar mais sobre o assunto.. até porque, alguém tem que defender a causa de uma forma mais embasada, né? Isso é importante. E várias pessoas já estudam sobre isso nos seus cursos de história, ciências sociais, biologia, direito.. tentem encontrá-las, divulgue onde elas possam estar! Aqui no nosso grupo, só meia dúzia de pessoas realmente põem a mão na massa. E estamos firmes, um ajudando o outro, discutindo, dividindo a grana dos xeroxs de panfletos.. agora tb já temos algum retorno com a venda de camisetas.. enfim, é por aí. No mais, mantenho a minha dica, de que vocês poderiam marcar um debate convidando principalmente o pessoal que estuda em faculdades.. façam um cartaz bem simples e divulguem bem, se a coisa estiver pra acontecer, ela acontece! Não é proibido conversar sobre drogas, e todos têm o direito de fazer qualquer manifestação pacífica ou reunião. Tenham uma pauta para a reunião e criem um email pras pessoas entrarem em contato e divulguem no cartaz. Como vcs falaram, o que não pode rolar é apologia [dizer que as pessoas devem usar, porque "é bom" etc]. Por mais que possa parecer ridículo, sempre é bom colocar um aviso em todo cartaz, do tipo "não traga substâncias ilícitas etc". Se vocês quiserem eu até posso ajudar nessa parte de fazer textos, ou de criar o desenho do cartaz. Só me mandem uma MP, ou um email para o grupo. Abraços